quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Você tem Vocação para a Maternidade?

Outro dia fiz umas enquetes nos stories do Instagram Mamãe Sortuda e fiquei impressionada com a convergência das respostas das mulheres que participaram com minhas reflexões pessoais.

83% das mulheres responderam que já se perguntaram se têm vocação para a maternidade e 62% também responderam que só fizeram este questionamento após a maternidade. 

Por que será que não nos perguntamos ao longo da vida se devemos ou não ser mães? Se é isso que queremos ou não? Se não vamos surtar depois que as crianças estiverem correndo pela casa? Se temos essa "vocação" para a maternidade? 



Talvez as futuras mães e futuras mulheres que não terão filhos façam esses questionamentos com muito mais naturalidade do que nós fizemos. Antigamente, não se discutia muito sobre o lugar da mulher na sociedade, sobre educação sexual, sobre maternidade real... Ainda bem que hoje em dia temos muitos espaços para debater, aprender, refletir... Porque são questões necessárias que precisam de respostas.

Eu nunca tinha me questionado sobre muitas coisas e vejo como tantas delas foram impostas "naturalmente" na minha vida. Algumas eu digeri com facilidade porque ainda não tinha um pensamento crítico do mundo, outras foram arduamente jogadas garganta abaixo. 

A verdade é que a maternidade é sempre uma característica atribuída muito naturalmente àquelas que nascem sob o sexo feminino. Não esperam que questionemos isso. Esperam que sejamos mães, boas mães, e pronto!

Nesse meu mundo, eu queria ter muitos filhos (tinha até uma lista de nomes na última página do caderno), minhas bonecas todas casavam e tinham filhos, o "objetivo final" era sempre um casamento, que costumava vir com um cavalo branco. Meu mundo real não era tão diferente: eu aprendi a cuidar da casa, cozinhar, cuidar do irmão mais novo... A rua não era para mim! 

Não que eu ache ruim ter aprendido a fazer tudo dentro de uma casa, mas acho perverso os meninos não serem ensinados da mesma forma. 

Mas dentro de mim existia um outro lado que rompia com tudo isso. Sempre tive minha dose de rebeldia (a rebeldia, no caso, era não querer seguir os padrões) e sempre fui vista como problemática. Talvez porque eu não gostava de usar "roupa de menina", talvez porque eu não sentava como "mocinha", talvez porque eu gostava muito de andar de bicicleta, pular o muro e esfolar o nariz com brincadeiras de muita adrenalina. 

Mas meu mundo aventureiro era, na verdade, o meu mundo da fantasia, porque a realidade era muito dura para mim, como menina... 

"Nenhum homem vai querer casar com você!"
"Homem gosta de mulher com a unha feita!"
"Cruza essas pernas!"
"Já sabe fazer café? Hummm, já pode casar!"

Então... Tive meu filho (que levou o primeiro nome da lista no fim do caderno) e tive vários relacionamentos amorosos que não deram certo. 


Por diversas vezes após a maternidade fiz o questionamento: será que eu tenho vocação para ser mãe? Aprendi que a vocação para a maternidade, para mim, é uma falácia. Que esse significado por traz da palavra, de ter uma competência que estimula para a prática de algo associado aos desejos, está fortemente inclinado para o que a sociedade e as pessoas do meu convívio esperavam de mim. Não sei até que medida esse desejo me foi imposto ou foi desenvolvido. Mas eu queria poder voltar no tempo e ter tido a chance de refletir.  

Que fique claro: eu amo meu filho, mas não acho que tenho tanta habilidade para a maternidade, mas me esforço porque assumi a posição de mãe. Se terei outros filhos? Não! Por hoje, não! Quem sabe um dia...


E sobre os relacionamentos amorosos que não deram certo... Inclinei minha vida muito mais para o lado da garota problemática que coloca fogo na casa do que da garota com modos de princesa. Aprendi e amadureci muito nesse caminho. Percebi que submissão não faz parte do meu dicionário. Poucos homens (infelizmente) entendem isso. Acima de tudo, aprendi que é preciso se amar antes de amar o tal príncipe do cavalo branco. Aprendi também que ficar sozinha não é assim tão problemático. 

Também aprendi a deixar minhas unhas em paz e que tem gente que nem gosta de café, mas ainda bem que eu aprendi a fazer... porque eu adoro!

Para mim, tudo isso é um ato de liberdade. Hoje, eu sei quem eu sou! E eu sou livre para escolher ou não ser mãe, escolher ou não ser esposa. Escolher ou não... O que eu quiser!



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