quarta-feira, 8 de março de 2017

Mulher e Mãe (e outras coisas mais)


Dia Internacional da Mulher: 08 de março... É preciso um dia para a mulher? 

O dia 08 de março foi consagrado após diversas lutas e reivindicações das mulheres, por melhores condições de trabalho, por igualdade de direitos trabalhistas, por direitos sociais, por direitos políticos e por uma série de outras questões que se estendem até os dias de hoje. Lutas e reivindicações que fortificaram na segunda metade do século XIX. Não ouso dizer que iniciaram nesta época, porque eu duvido que desde que o mundo é mundo não tenha existido uma mulher que lutou (e pode ser que tenha sido jogada na fogueira por isso) para ter direitos básicos. 

E os movimentos, comumente, foram reprimidos por violência. Ainda hoje são! Em vários lugares do mundo, onde nem mesmo é consensual o direito da luta feminina. Mesmo onde é, a repressão transita por uma diversidade de formas. 

É tudo controlado! 

A roupa, o modo de sentar, a profissão, os hábitos de consumo, o corpo... Para não falar do assédio, da agressão verbal e física, das "brincadeiras" machistas.

Se ser mãe muda? Costumo achar que piora.

Ser mãe nesta sociedade significa que você é estranha por aproveitar a vida de qualquer forma que não seja com a maternidade. Que você não pode gostar de carnaval. Que é melhor você andar de burca. Que você é problemática por não ter um relacionamento amoroso bem sucedido. Se for viúva: matou o marido. Se for divorciada: ele não aguentou a chatice. Se for solteira: ixi! Nunca mais vai se relacionar com ninguém. Se você trabalha fora: prefere a vida profissional do que os filhos, terceiriza a maternidade. Se você não trabalha, é empreendedora, trabalha em casa, tem "mais tempo perto da família": é rica! É a do lar, que o marido banca. Se você estuda: como consegue?! Como se mãe não tivesse o direito de estudar. Ser mãe de estado civil solteira, que trabalha fora e estuda... Definição social de "olhe com reprovação".

Já somos julgadas o tempo todo. Não precisamos de mais críticas. 

Mensagens 10


Outro dia, li uma reflexão que falava o quanto somos treinadas para competir entre nós mesmas, desde sempre, e que isso influencia nossa cultura de opressão. A rivalidade feminina! Somos socializadas para sermos melhores que a prima, a filha da vizinha, a menina que fulano gosta e por aí vai. Faz sentido! Quanto menos nos entendermos, mais fácil de nos convencer à submissão. 

Lembro de quando era criança e eu e minha irmã já sabíamos fazer café, enquanto uma conhecida, bem mais velha, não sabia. Quantas vezes ouvi isso nas rodinhas de conversa. "Fulana até hoje não sabe fazer café! Não sei que homem vai querer casar com uma mulher dessa". 

Era a rivalidade sendo inserida em doses diárias. Nós, mulheres, sendo a serventia da casa. 

Se o café mudou minha vida? Aposto que a fulana hoje faz café melhor que eu e, pra falar a verdade, eu gosto mesmo é de comprar um cafezinho delicioso que tem na lanchonete perto do trabalho. 

Ter uma data específica para a mulher não é vitimizar, é mobilizar um coletivo para o fato de que ainda hoje vivemos em situação de desigualdades e iniquidades. Não é questão de meritocracia, porque isso costuma soar como falácia. Temos que admitir: as oportunidade são diferentes e variam conforme raça, gênero, sexo, classe...

É verdade! Um dia é pouco! Todo dia é dia de lembrar da luta, é dia de resistir, é dia de não se afogar na cultura do estupro, no machismo nosso de cada dia, é dia de educar nossos filhos e filhas para construir uma sociedade com melhores condições para quem ainda é "jogado na fogueira". 

Lutemos pelo empoderamento feminino, pela libertação de padrões opressores. Sejamos mulheres, mães, livres!


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