A gestação envolve muitas mudanças na vida da mulher, do seu parceiro e de sua família, as alterações hormonais e emocionais andam lado a lado e infelizmente na atualidade estas alterações ainda não são levadas a sério, para se ter uma ideia:
70% das mulheres apresentam alguma queixa ansiosa ou depressiva na gravidez,
De 10 a 16% das mulheres tem prevalência de depressão na gravidez;
25% das depressões pós-parto começam na gestação,
1 em cada 3 mulheres sofrem de ansiedade após o nascimento do primeiro filho;
1 em cada 4 mulheres tem depressão pós parto no Brasil.
Além disto, as alterações hormonais são inúmeras como é possível perceber abaixo:
Primeiro trimestre: neste período o hormônio progesterona é responsável pelos enjôos, sono excessivo, salivação e alteração do humor.
Segunda trimestre: já no segundo trimestre o estrogênio que tem uma produção até trinta vezes maior do que o normal aumenta o volume de sangue nas veias e artérias, provoca rinite,ondas de calor, dor de cabeça, aumento das glândulas mamárias, aumento da libido, brilho no cabelo e na pele, entre outros.
Terceiro trimestre: aqui prevalece o hormônio prolactina que prepara a produção de leite, diminui a libido e se intensifica após o parto.
As alterações hormonais contribuem para os altos e baixos emocionais durante a gestação, além de mudanças corporais, emocionais e de papéis, medos relacionados ao desenvolvimento do bebê, ao parto e a questões de trabalho e sustento; falta de apoio familiar e/ou parceiro, entre outros.
Uma gestação em tempos de pandemia, onde é necessário passar a maior parte do tempo em isolamento social multiplica tais questões, pois as incertezas e os cuidados são ainda maiores.
Para vivenciar uma gestação tranquila neste período é importante estar ao lado de pessoas que gerem segurança emocional e produzir o hormônio oxitocina que aumenta de acordo com as experiências prazerosas da mulher.
A ocitocina conhecida também como hormônio do amor é responsável por promover as contrações uterinas, reduz o sangramento durante o parto, ajuda a liberar o leite materno, desenvolve o apego e a empatia, produz parte do prazer do orgasmo, modula a sensibilidade ao medo.
Na prática algumas ações podem ajudar a gestante a se sentir melhor e diminuir a ansiedade durante a quarentena:
- Contato físico com as pessoas que estão na sua casa,
- Pensamentos e palavras positivas, você pode escrever e colar pela casa, ouvir áudios, ler um bom livro,
- Ouvir outras pessoas que estejam no mesmo momento de vida,
- Meditar ou aprender a meditar,
- Fazer respiração consciente,
- Praticar algum exercício em casa,
- Expressar suas emoções ao invés de reprimir ou negar,
- Praticar a generosidade e a gratidão,
- Estabelecer momentos profundos de conexão com o bebê.
Este momento é uma grande oportunidade de olhar para suas emoções, compreende-las, vivenciá-las, ressignificar sua vida, deixar para trás o que não te faz bem e acessar a força que existe dentro de você para vencer os desafios, talvez como nunca tenha feito antes.
Respeite suas necessidades, seu tempo, seu ritmo, saiba que você não precisa passar por este momento sozinha , se sentir necessidade busque apoio de um profissional capacitado para lhe ajudar a gerenciar suas emoções e passar de forma mais leve por este processo.
Lembre-se que tudo isto vai passar e agora é a hora de desfrutar da sua gestação mesmo que tenha que ser de uma forma diferente, aproveite para criar, reinventar, resgatar os valores mais puros e nobres. Aproveite o momento, o agora, o hoje assim como os bebês fazem muito bem!
Texto escrito por Clarissa Freitas, Psicóloga, Psicodramatista, que atua há mais de 13 anos apoiando pais e mães a construírem uma educação mais empática e consciente.