Quando engravidei da Mariana, minha primeira filha, eu estava com 19 anos. Dois meses após o seu nascimento eu completei 20. Tranquei a faculdade de Fisioterapia por um semestre e voltei cursando o terceiro período. Haviam mais 7 períodos pela frente e eu não conseguia imaginar mais um filho naquela época. Mesmo assim, as pessoas comentavam: "Você não vai querer outro filho? Está esperando tempo demais! Depois você vai desanimar..."
Se o tempo necessário entre um e outro fosse uma regra, então eu não teria. Quando concluí o meu curso, Mariana estava com quase 5 anos e eu engravidei. Porém, foi uma gravidez ectópica, então precisamos interromper a gestação.
Após 2 anos, engravidei novamente. Mariana já estava com 7 anos e ela vibrou tanto, ficou tão feliz. Sempre desejou e pedia um irmão(ã) até em suas orações.
Então, vieram mais comentários: "Nossa! Vai começar tudo novamente!"
Depois dos desafios enfrentados com a primeira filha, eu entendia esse "começar de novo". Nós precisaríamos deixar de lado a situação de independência adquirida com a Mariana e voltar à etapa de cuidados intensos que toda criança pequena precisa. Mas eu estava com 27 anos, bem disposta, em uma situação muito mais favorável do que na primeira gravidez, então eu não enxerguei a diferença de idade entre as duas como um problema.
Durante toda a gestação, Mariana foi uma grande companheira. Me acompanhou em quase todos os exames e consultas, conversava com a irmã através da minha barriga todos os dias, cantava, fazia carinho e sempre falava o quanto ela era amada e desejada. Este amor me encantou!
Quando Helena nasceu, chegou também o ciúme. Começaram as comparações com relação à atenção e à dedicação que a irmã recebia. Ela que viveu durante 8 anos como filha única, sentiu desconforto no momento real de dividir. Ao mesmo tempo, sempre dedicou muito amor e carinho à Helena. As cobranças e ciúmes eram direcionadas à mim e ao pai. Nesta época, a grande vantagem da diferença de idade, foi a independência/autonomia que Mariana já havia adquirido em alguns aspectos, o que facilitou a divisão do cuidado e atenção entre as duas.
Apesar de hoje ainda existir um pouco de ciúme, ele aparece com uma frequência bem menor. Helena tem, além de uma irmã mais velha, uma protetora pessoal, que assumiu o papel de guardiã.
Mariana está com 11 anos e Helena com 3. O que percebo é que elas brincam juntas com uma frequência menor do que irmãos de idade próxima, mas brigam bem menos também. As preferências por programas de TV, filmes e séries também são diferentes, mas ainda conseguimos encontrar alguns que agradam as duas para assistirmos em família. É mais fácil envolvê-las em brincadeiras e esportes ao ar livre (que curtimos muito)!
Mesmo em casa, Mariana auxilia muito nos cuidados com a irmã. Ela já consegue dar banho, ajuda na hora da alimentação, nas atividades da escola e é uma grande companheira da Helena na hora de dormir.
A minha experiência com a diferença de 8 anos entre as duas, tem sido muito positiva. Percebo mais vantagens do que desvantagens. Por isso, acredito que não exista uma regra ou um padrão com relação ao tempo melhor entre os filhos. Depende de cada família e do momento/situação que vivemos. Com o tempo, independente da idade, os irmãos vão se adorar! As manifestações de carinho e cumplicidade são diárias e observar este amor enorme, que só cresce a cada dia, faz nosso coração transbordar! O importante é que as crianças cresçam em um ambiente agradável, com afeto dos pais e a atenção que merecem. É com isso que devemos nos preocupar e nos esforçar para proporcionar aos nossos filhos. A diferença de idade é só um detalhe!
Abraços fraternos!