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quarta-feira, 15 de maio de 2019

Carta para Rafael - Comemorações e radioterapia

Bom dia meu amor! Você deve estar se perguntando o porquê da mamãe estar saindo todos os dias de manhã e vou te contar, mas antes, quero te contar sobre as comemorações da remissão completa. 

Quando recebi o diagnóstico, prometi não comer chocolate até o dia da cura e algum tempo depois, a tia Nat postou uma foto dela comendo a torta de chocolate da Fany e eu brinquei que era para ela respeitar quem estava de promessa e ela respondeu que era a última vez que estava comendo e na próxima, ia comer só quando eu pudesse comer com ela! 
Assim que recebi a notícia do tio Enaldo, mandei mensagem pra ela falando: 

“Vamos comer a tortaaaa, uhuuuu!!!” 

Eu nunca tinha comido aquela torta e estava deliciosaaaa! Ainda passeamos um pouco pelo shopping e ela me deu um pingente da Vivara, um cacto para marcar a amizade e representar resiliência: 

“Algumas pessoas são como cactos. Costumam ter uma aparência árida e são cheias de espinhos (ela toda).  Contudo tem dentro de si a capacidade de se alimentar e ajudar aos outros. Sua resistência lhes confere uma resiliência única. Pessoas cactos sobrevivem à condições que nenhuma rosa ou girassol imaginou ver. É preciso dar tempo ao tempo, que em meio à tantos espinhos, uma flor brota.” 

 

terça-feira, 26 de março de 2019

Carta para Rafael - Remissão completa!!!

Bom dia meu amoooor!!! A mamãe está tão feliz, mas tão feliz que nem sabe por onde começar! 

No dia 15 de fevereiro, a mamãe fez a última quimioterapia e foi ótimo. Como coincidiu com a medicação para os ossos, senti um pouco de dor nas articulações, mas passou rápido, acho que na verdade eu estava muito ansiosa para repetir os exames e saber como tinha sido a resposta nesse novo ciclo. 

O papai marcou os exames para depois do carnaval e fomos para Bonfim encontrar com o vovô, foi ótimo e você aproveitou muito, colocamos fantasia do Homem Aranha e do Super Homem e  todo mundo achou lindo. No último dia fomos ver o desfile da banda mole e você se comportou super bem! 



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Carta para Rafael - Tudo tranquilo por aqui!

Bom dia meu amor, enquanto você assiste “A Galinha Pintadinha”, vou te contar o que anda acontecendo com a gente.

A mamãe voltou a fazer quimioterapia e já fez 2 sessões, passei super bem nas duas, normalmente fico só um pouco enjoada no dia, mas é só chegar em casa e ver o tanto que você fica feliz ao me ver que o enjoo passa rapidinho. 
A mamãe até tenta dormir, mas fica te ouvindo brincar na sala e não consegue! Sempre penso: "Ahhhh, ficar com ele é muito melhor que deixar esses efeitos colaterais chegarem, tô fora!" 
E corro para ficar com você na sala! 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Carta para Rafael - Cirurgia, pós operatório e volta para casa.



Boa tarde, meu amor! Você agora só fica querendo ficar no chão se arrastando, já está quase engatinhando e a mamãe está doida para te ver sentado sozinho. 

Tem uns 15 dias que a mamãe fez a cirurgia de retirada da mama e vou te contar como foi. 



Finalmente fiz a cirurgia, estava em pânico, muito pânico. Foi feita em uma quarta feira e nos dias anteriores fiquei agarradinha com você te carregando no colo o dia inteiro, porque sabia que ia ficar um bom tempo sem poder fazer isso. Só saí de casa para ir ao cirurgião plástico fazer algumas marcações no peito. 


A noite te coloquei para dormir e fui dormir também. No outro dia cedo, fui com o papai e a vovó para o hospital e chegando lá tudo aconteceu muito pontual, subimos para a sala de preparo para a cirurgia e troquei de roupa. A tia Maria Luisa (Malu) chegou e eu comecei a chorar, chorei muito e não sei explicar o porquê. Estava feliz porque ia tirar o resto de câncer que poderia ter sobrado da mama, mas estava triste de estar passando por aquilo. A tia Malu ficou o tempo todo conversando comigo e segurando minha mão. Entramos para a sala de cirurgia e pedi para o anestesista usar o cateter e ele falou que não podia, o cateter era precioso e deveria ser usado apenas para a quimioterapia. Tudo bem, a tia Malu estava segurando minha mão e conversando comigo enquanto eles puncionavam a veia, então eu nem senti. Puncionaram na mão e foi ótimo, logo adormeci. 

Acordei 5 minutos depois (umas 4 horas) e rapidinho já me levaram para o quarto. No caminho encontrei com o papai no elevador voltando do almoço.

Não lembro direito o que aconteceu durante o resto do dia. Lembro que recebi a visita da tia Claudinha, do Tio Otávio da equipe do cirurgião plástico que inclusive falou que tinha ocorrido tudo bem na cirurgia e já tinham conseguido encher 300ml do expansor. Fiquei muito animada, mas quando olhei para baixo o peito estava achatado e muito torto, ele falou que era assim mesmo, o músculo ainda estava se adaptando e esse não era o resultado final, fiquei decepcionada. 

A tia Malu chegou logo em seguida explicou tudo que tinha sido feito na cirurgia, falou que eu tinha perdido muito sangue (o que me rendeu o apelido de menina amarela pela tia Lu) e iria me receitar uma suplementação de ferro. Ela mexeu na axila, o que me deixou bem dolorida e pedi para aplicarem morfina, logo adormeci. 

Também não lembro de muita coisa do dia seguinte, estava tomando morfina de 6 em 6 horas, então só dormia e vomitava. O papai comprou picolé de limão e tangerina e foi ótimo. Recebi a visita da tia Pri, tia Natty, tia Helô, tia Claudinha e do tio Enaldo oncologista que ficou rindo de mim, porque a tia Malu contou para ele que eu tinha arrumado uma choradeira danada antes da cirurgia. 

Eu estava ótima a noite quando recebi a visita do tio Otávio com o tio Alfonso (cirurgião plástico) e da tia Malu. Quando ela saiu do quarto, pedi a Morfina que demorou um pouco para chegar e foi aplicada junto com a Dipirona e com um outro remédio para dormir, na hora pensei: 

“Essa mistura não vai prestar... bom que só vou acordar amanhã de manhã!” 

5 minutos depois (no dia seguinte de manhã), acordei e a vovó estava no quarto. A única coisa que lembro é que tomei banho e recebi alta. 

Eu não estava conseguindo ficar em pé sozinha e no estacionamento do hospital o papai me olhou bem, me achou muito pálida e ligou para a tia Malu. Ela mandou voltar comigo para o Pronto Socorro e foi lá me ver. 

Assim que ela chegou, me examinou e falou que ia fazer um exame enquanto eu tomara um soro para tirar o excesso de medicamento do sangue (eu não consegui acordar de manhã e aplicaram a morfina que eu pedi e a dipirona de novo).

Fomos para o box, deitei na maca e começou a luta para puncionar a veia. Foi muito difícil, tiraram o sangue do pé e veio uma enfermeira da pediatria e outra do laboratório para tentar punsionar e mesmo assim foi difícil. O resultado do exame ficou pronto e eu ia precisar de uma transfusão de sangue. As enfermeiras do banco de sangue chegaram e comecei a chorar. A tia Malu segurou minha mão e me mandou concentrar e conversar com ela. Ela falou: 

“- Vamos pedir para a Desatadora dos Nós desatar mais esse nó da sua vida!”



Fechei os olhos e fiz uma oração, nem senti quando puncionaram, elas conseguiram com um cateter infantil, bem fino e o sangue da bolsa demorava para passar, mas passava. Eu ia precisar de duas bolsas de sangue e a enfermeira falou que tinha que ser feito de 1:30 a 3 horas. O sangue é frio e dói bastante quando entra na veia. 

A tia Malu foi embora e falou que ia voltar mais tarde. 

Passando 3 horas, olhei para cima e não tinha tomado nem metade da bolsa de sangue ainda, comecei a pedir para usarem o cateter, porque já tinha lido que em uma emergência podia usar. 

Veio uma outra enfermeira do banco de sangue e falou que a transfusão podia ser feita em 4 horas e estava tudo bem. Ela aumentou o fluxo do sangue e senti uma dor pulsante, comecei a chorar de novo e ela falou: 

“- Me desculpe estar fazendo você passar por isso."
"- Só que eu não precisava estar passando por isso, eu tenho um cateter!"
"- A gente não punciona o cateter." 
"- Pois é, vocês todos deveriam estar treinados para isso, porque ele é colocado para facilitar e vocês ficam querendo ter trabalho! Cadê o pessoal da oncologia? Busca alguém lá por favor, amor!" (pedi ao papai)

Alguém falou que o tio Enaldo não autorizava usar e eu falei: 
“- O cateter é meu e não vi ninguém ligando para o Enaldo para perguntar! Alguém ligou??? Liga aí, amor!” 

Ele ligou e explicou: 
“- Dr. Enaldo? Boa tarde, a Maria Cláudia precisou voltar para o hospital e está fazendo uma transfusão de sangue. Ela está querendo usar o cateter.... ah, NÃO PODE?"
"- Fala pra ele que não gosto mais dele!"
"- Ele mandou falar que tudo bem, mas que não pode!” 

Eu estava muito brava, o lenço na cabeça estava me incomodando e tirei: 
“- Não posso fazer nada que quero, então não vou ficar com nada me incomodando.” 

A tia Lu entrou no box e me apelidou agora Vampira Estressada. Virei uma personagem que antes era Menina Amarela, depois virei Menina Amarela quase Rosa e por último Vampira Estressada.


Ainda estava sentindo uma dor pulsante e ouvi alguma enfermeira falando: 

“- A Dra. Maria Luisa já está vindo e vai avaliar se libera ou interna de novo...” 

Quando ouvi isso, entrei em pânico! Foi a primeira vez que fiquei com medo de não sair mais do hospital, comecei a chorar muito, mas fiquei quietinha mesmo com a dor para que não desse nenhum problema com a transfusão. 

Passou um tempinho, a tia Maira que já tinha sido médica da mamãe a alguns anos entrou no box e falou que a tia Malu tinha pedido para ela ver como eu estava e falar que já estava chegando. Perguntei se ela não lembrava de mim e ela falou que não. 

Falei que o cabelo fazia diferença mesmo e ela tinha me visto poucas vezes. Ela falou que isso que eu estava passando era passageiro e logo ia passar. Falou de uma médica da equipe que tinha tido câncer de mama a uns 5 anos e estava ótima trabalhando com elas lá! Pedi para ela vir conversar comigo e foi ótimoooo! 

A tia Adriana ficou um tempão conversando com a mamãe e rimos muito, ela me contou a história dela e falou que depois que eu receber alta do tratamento, qualquer dor de barriga vou achar que o câncer voltou, mas que depois de um tempo nem vou lembrar mais que algum dia estive doente. Foi Deus que mandou ela estar lá, porque fiquei muito mais calma depois que conversei com ela. 

A tia Malu chegou e a gente estava conversando. Ela conversou um pouco com a gente também e falou que eu ia tomar a outra bolsa e receber alta para ficar com você, mas precisava voltar no outro dia de manhã para fazer um novo exame e prometi que voltaria. A segunda bolsa foi mais rápida, porque não reclamei da dor no braço, só pensava em você. 

Chegamos em casa e subi no elevador chorando porque me vi no espelho. Entrei em casa pedindo para tirarem todos os espelhos da casa quando te vi sentadinho no sofá com a tia Miriam, você abriu um sorrisão e toda dor, incômodo e desespero desapareceram. 

Hoje estou bem mais calma porque entendi que é tudo passageiro e já estou ansiosa para a próxima cirurgia de retirada da prótese e colocação do silicone.



segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Carta para Rafael - Mesversário, Dança Materna e cirurgia



Boa tarde, meu amor! É gostoso dormir com esse clima e essa chuvinha, né? A mamãe adora! 

Você já está com 6 meses, meio ano de vida e resolvi fazer uma festinha pra gente comemorar! Esses meses foram muito intensos e merecem uma comemoração! A mamãe encomendou na Boca do Forno o Kit Festa e foi perfeito! Vindo da Boca do Forno, não tinha como ser diferente. Nunca tinha comido o bolo de limão deles e me surpreendi de tão gostoso que é! Acredita que as vendedoras já conhecem a gente pelo Instagram? Adorei saber disso!


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Carta para Rafael - Fim do primeiro ciclo, novos exames e mudanças



Bom dia meu amor! Neste momento você está dormindo com a mamãe na cama e não posso me levantar se não você acorda, ultimamente você está com a mania de dormir encostado em mim e qualquer movimento estranho, abre os olhos, confere se estou ao lado e volta a dormir, muito fofo. 


Sexta passada a mamãe saiu bem cedo lembra? Foi o dia da última quimioterapia do primeiro ciclo e é muito engraçado explicar esses ciclos porque todo mundo fala: 

" - Uai, a quimioterapia acabou, mas não acabou? Como assim?" 
O protocolo que a mamãe está fazendo, são 3 medicações: um marcador, um bloqueador e um quimioterápico que mata as células cancerígenas (mais fácil entender) e fiz 6 sessões assim. 
Agora, vamos repetir um exame que vai mostrar que está tudo ótimo e respondi bem a medicação e vou fazer a cirurgia de retirada da mama (pânico sempre que penso nisso) 
Assim q recuperar da cirurgia, faço radioterapia (que talvez não precise) ou mais 12 seções de quimioterapia! (Parte que ninguém entende... rsrsrs) 
Essas 12 sessões são só com o marcador e o bloqueador, mas não deixa de chamar quimioterapia porque toda administração de medicação tem este nome entendeu? 




Enquanto o plano de saúde não autoriza o novo exame, fico pensando em quanto tempo ainda vai demorar para eu fazer a cirurgia e também penso no tanto que mudei até aqui, não só fisicamente com a perda dos cabelos, cílios e sobrancelhas, mas internamente também... 

As vezes penso que continuo a mesma de antes, mas as vezes percebo que não, é muito difícil passar por tudo que estamos passando e não mudar...

Estou mais calma, dei uma desacelerada... principalmente em relação ao trabalho, amo o que faço e isso não é novidade pra ninguém e ficar longe dele está sendo um dos meus maiores desafios. As vezes minha chefe chama minha atenção e me manda focar no tratamento ou em você, fala para não me preocupar e parar de pensar em trabalho. Que trabalho? Pra mim é um prazer! 

Também estou bem mais desapegada das coisas, o que é incrível porque sou taurina e uma das características desse signo é ser apegado, ciumento e não gostar de mudanças, ou seja, acho que terei de mudar de signo... rsrsrs.




segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Carta para Rafael - Outubro Rosa, palestra, entrevista e algumas perguntas sem respostas.

Bom dia, meu amor! Como você consegue estar cada dia mais lindo, esperto e fofo? 
Não sei se você percebeu, mas a mamãe está um pouco pensativa esses dias, vou te contar o motivo: 

O primeiro ciclo da quimioterapia está acabando e vou repetir alguns exames para saber como o organismo reagiu a medicação e em seguida fazer a cirurgia da retirada de mama.
Estou muito ansiosa com o resultado dos exames e mais ainda com a cirurgia.
Sempre tive tudo muito programado na cabeça e ter que esperar o resultado dos exames para saber exatamente como será a cirurgia, tem me deixado ansiosa.
A gente se prepara para perder os cabelos, os cílios e sobrancelhas, mas é muito difícil se preparar para perder o peito. Eles fazem a reconstrução? Sim, mas não é só isso... é muita dúvida, muitas perguntas sem respostas e tenho que esperar! Uma das coisas que tenho aprendido com o tratamento é ter paciência.
Ninguém falou que seria fácil e não posso reclamar de nada! Qualquer reclamação, estaria sendo injusta com Deus. 


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Carta para Rafael - Viver e não ter a vergonha de ser feliz.

Boa tarde meu amor, a vida é muito engraçada e algumas coisas, por pior que pareçam ser, fazem a gente refletir. 

Muitas coisas na vida fazem parte da nossa rotina e a gente faz totalmente no automático. Desde que você nasceu e a mamãe recebeu o diagnóstico de câncer de mama, só tenho saído de casa para ir em algum médico ou quimioterapia, te levar na pediatra, ir a missa, ao centro espirita e em Sabará fazer tratamento espiritual com o Dr. Fritz.

Outro dia o papai ia trabalhar no final de semana e não ia conseguir levar a Arya - sua irmã peluda - para tomar banho e eu levei. 

Acordei cedo no sábado, tomei banho, arrumei a sobrancelha que está bem falhada, passei um protetor solar (coisas que eu nunca fiz antes), peguei a Arya e saí, um pouco na dúvida se ainda sabia dirigir, rsrsrs.
Entrei no carro e o rádio ligou automático na rádio CDL e estava tocando "Café com Rock". Oi?! Aaaamo Rock!!! Que delíciaaaaa! Já estou enlouquecida, cantando e emocionada indo levar a cachorra pra tomar banho! Eu fazia isso todo sábado, qual a novidade? Porque tanta emoção? Estou viva! VIVAAAA! Isso é muito bom! 



segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Carta para Rafael - Cateter para quimioterapia, portinha da cura, amigo do peito.


Boa noite meu amor, ontem fiz mais uma sessão de quimioterapia usando o cateter e vou te contar o que é um cateter.

No primeiro dia de quimioterapia, o tio Enaldo olhou meus braços roxos pelos exames e falou: 

- "Os enfermeiros vão te indicar a colocação de um cateter para quimioterapia, ele é colocado no bloco cirúrgico, é totalmente implantado e pode ficar em você durante anos!" 

- "Colocar o que? Como assim? No bloco cirúrgico?" (pânico na minha voz)

Fui para o box receber a medicação e a Carlinha (fooofa), uma das coordenadoras de enfermagem me recebeu e comentou depois de olhar minhas veias: 

- "O Dr. Enaldo te falou sobre a colocação do cateter?"

- "Falou, mas não gostei da ideia, não gosto de cirurgias!" 

- "Vou te mostrar um, ele é VIDAAAA!" 

Passou um tempinho e ela chega com uma engenhoca redondinha com um caninho, que para mim lembrou um estetoscópio.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Carta para Rafael - Carta da Michelle para a mamãe



Bom dia meu amor!

Hoje de manhã a mamãe recebeu uma carta da Michelle, a gente participava do mesmo grupo de noivas na época do casamento e depois que casamos acabamos não nos falando mais. Infelizmente isso acontece, com a correria da vida a gente acaba perdendo o contato com algumas pessoas.


segunda-feira, 23 de julho de 2018

Carta para Rafael - Quimioterapia, efeitos e aniversário do vovô


Boa noite meu amor! Essa noite você vai dormir mais tranquilo? Na noite passada você deu trabalho porque ficou com saudades da vovó? Ela precisa ir na casa dela de vez em quando cuidar da tia Lu e do vovô também, nós não podemos ser egoístas!
Você sabe porque a vovó está ficando aqui com a gente direto? Vou te contar... 

A mamãe começou a fazer quimioterapia, fez a primeira no dia 15/06/18, era uma medicação vermelha e muito forte, dizem que pode dar muitos efeitos colaterais e a primeira semana é a mais complicada. 
A mamãe sentiu um pouco de enjoo, braços e pernas pesados e também faz os cabelos caírem, o da mamãe começou a cair com 13 dias.

Fase vermelha, quimioterapia, câncer de mama


Essa quimioterapia também pode fazer a imunidade baixar e a única recomendação do médico foi: 

- "A única coisa que ela não pode ter é febre acima de 37.8°, se isso acontecer, venha com ela imediatamente para o hospital." 

Mais ou menos 10 dias depois da quimioterapia comecei a ter calafrios e ao medir a temperatura:, 38.0°. Fomos para o pronto socorro e precisei ser internada, era uma terça feira e só podia ter alta se a medula respondesse bem e a imunidade voltasse ao normal. Para isso acontecer não podia mais ter febre e então decidi que a febre não ia voltar e a medula ia responder direitinho. No dia seguinte, sem medicação para estimular, a medula já estava respondendo e o tio Enaldo receitou uma medicação para estimular e responder mais rápido. Foi ótimo! 
A oncologia deu alta na quinta feira, mas ainda faltava a clínica que não deu alta porque apareceu uma bactéria no meu sangue e ainda faltava saber qual antibiótico a bactéria era sensível e se tinha oral.
A mamãe precisava receber alta até sexta a noite porque no sábado era aniversário de 90 anos do vovô e eu precisava ficar com você para a vovó e a tia Míriam poderem ir a festa. Como o vovô ainda não sabia de nada, também era muito importante nós dois irmos lá tirar foto com ele. 

Todos do hospital sabiam da situação e estava todo mundo aflito. Eu e seu pai não paramos em nenhum momento de pedir a Deus e a Nossa Senhora para dar tudo certo. Na sexta a tarde a médica entra no quarto e fala: 

- "Seu santo é muito forte, a bactéria é sensível a medicação oral, você vai receber alta." 

- "Meu santo é forte e Deus não falha!" 

No sábado, chegamos a festa e a mamãe começou a subir a escada com você no colo, foi quase impossível segurar o choro, eu só pensava: Obrigada meu Deus, obrigada por permitir que nós viessemos aqui hoje, obrigada meu Deus... 

Chegamos ao pé da escada e láaaa na frente estava a família tirando fotos, não vi direito quem estava lá, só vi a tia Nenha vindo na nossa direção com o olho cheio d'água e falei: 

- "Não chora!" 

Ela começa a chorar, me abraçou e falou: 

- "Maria Cláudia, que alegria te ver!" 

Pronto! Era tudo que a mamãe precisava para começar a chorar!

Lembro da vovó falando que não era para chorar, porque o vovô ia ver! Lembro que a tia Míriam Magalhães apareceu do nada, deu uma apertada no meu ombro e falou soprando meus olhos: 

- "Maria Cláudia, olha pra mim! Está tudo bem! Você está me ouvindo?" 

- "Estou!" 

- "Está tudo bem!" 

Engoli o choro e virei de costas dando de cara com o vovô que abriu um sorrisão e veio abraçar a gente. 
A tia Bruna que estava fazendo as fotos pegou o momento exato do encontro.

Cartas para Rafael, aniversário do vovô, 90 anos

 As outras fotos foram uma bagunça danada e muito legal. O vovô estava muito feliz mesmo. 

vovô fez 90, nós fomos

Depois das fotos fomos embora porque você ainda é muito pequeno para participar de uma festa dessa e o fato da mamãe ter recebido alta para estar em casa com você, foi a senha para a família inteira aproveitar a festa. 
Em relação a nós? Nós estamos aqui contando os dias para o aniversário de 100 anos, até porque já me garantiram que a festa de 100 vai ser bem melhor que a de 90.

efeitos da quimioterapia, tudo passa

Maria Cláudia Portes






terça-feira, 10 de julho de 2018

Carta para Rafael - 45 dias de muito amor, descobertas e acima de tudo, muita fé.

Boa tarde meu amor, como você passou o dia hoje com a vovó e com a tia Míriam? Mamou tudo e arrotou direitinho? 
Aqui no hospital está tudo bem, o médico acabou de falar que se eu continuar sem febre, vai me dar alta na sexta feira, então só temos mais um dia separados, tá? Aguenta aí e seja obediente! 

Vou aproveitar que o papai saiu para ir na farmácia e te contar tudo que aconteceu desde que você nasceu... 

cartas para rafael, diagnostico câncer de mama, isso também vai passar, nossa senhora devastadora dos nós