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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Parto NATURAL - Relato de um caso real

Desde a minha primeira gravidez, eu comecei a ler muito sobre o assunto! Gosto tanto de conversar sobre gravidez, parto, filhos, que eu mesmo me intitulo a "Maníaca da Barriga"! Hahahaha
Quando eu voltei da licença maternidade do Theo, fiquei sabendo que a esposa de um colega de trabalho, o Cris, estava grávida... Ai lá fui eu, enche-lo de perguntas e encheção de saco... As vezes o encontrava no café e sempre perguntava: "E ai Cris? Como Janaína está? Já está ansioso?" e uma dessas conversas ele me disse que ela queria que o parto fosse natural. Eu, no alto de minhas duas Cesárias, me calei... não tinha opinião nem conselhos para dar! Mas estava ansiosa para saber como seria.
Quando Luíza nasceu, chegou um burburinho ao escritório que teriam sido mais de 24 horas de parto... Aí a "Maníaca da Barriga" aqui, já foi logo perguntando ao papai (quando ele voltou, claro!) e fiquei sabendo que Janaína, que é jornalista,  havia escrito sobre seu parto. Gentilmente (leia-se insistentemente) perguntei a ela se eu poderia publicar o relato do seu parto aqui, e olha só? aqui está!

Vilamamifera.com

"Mesmo antes de engravidar já tinha em mente que queria que meu parto fosse normal, sempre vi a cesariana como uma intervenção cirúrgica que faria somente se realmente fosse necessária. Quando engravidei continuei consultando com minha ginecologista que também é obstetra. Desde o início falei que gostaria de ter parto normal e ela disse que não havia contraindicações e que poderia ser feito dessa forma. Sempre que perguntava sobre o parto ela me dizia que ainda estava cedo para pensar nisso. Na consulta do sexto mês disse a ela que queria saber tudo sobre o parto. Ela me explicou como seriam feitos os procedimentos desde minhas primeiras contrações. Perguntei sobre ser parto normal e ela me disse que não dava para saber ainda, mas que tudo indicava que não seria possível, pois eu não tinha idade e nem estatura para tal (estava com 34 anos e meço 1,63cm). Fiquei estarrecida com os argumentos dela e na semana seguinte estava consultando com um novo obstetra, Dr. Lucas Barbosa, que é especialista em partos normais e referência do Ministério da Saúde. Na primeira consulta já senti confiança em suas palavras que foram as seguintes: “O parto é assistido pelo médico ou pela enfermeira obstetra, mas quem o realiza de fato é você”.
Já frequentava aulas de yoga com uma turma de gestantes adeptas do parto normal e que, assim como eu, tinham muitas dúvidas. Pudemos fortalecer nossas opiniões através da busca e troca de informações. Passei também a participar da Ong Bem Nascer e das Rodas de Conversa promovidas por eles, os quais participam gestantes, seus maridos, enfermeiras obstetras, doulas e outros interessados. Esses encontros foram muito interessantes por causa dos depoimentos, da troca de vivências e do esclarecimento de dúvidas. Através dessas fontes fui conhecendo ainda mais os benefícios do parto normal, tanto para o bebê quanto para a mãe. Iniciei também, na sequencia, sessões de fisioterapia para fortalecimento do assoalho pélvico, o que ajudaria no parto. Meu obstetra me passou muitas informações a respeito do parto normal e me indicou vários livros e filmes que falavam a respeito... À medida que me informava fui ficando cada vez mais interessada em ter um parto mais natural possível, com o mínimo de intervenções e que fosse respeitoso com minha condição e vontade.
Pesquisei sobre as maternidades possíveis e por ter certeza de minha vontade seria respeitada, fiz opção por parir no Sofia Feldman. Fiz uma visita para conhecer as instalações e apesar de serem modestas, fui muito bem recebida e senti clima caloroso que não encontrei em outros lugares. Isso só confirmou que seria ali que minha filha nasceria.


Meu trabalho de parto se iniciou numa terça-feira, dia 19 de maio. Tive um dia muito atarefado... Durante a manhã fui ao médico e como ainda estava com 39 semanas, achei que voltaria na semana seguinte, sendo assim dispensei o exame de toque para que ele pudesse avaliar minha dilatação. Chegando em casa senti uma dor de barriga que voltava a cada 1hora. Desconfiei que pudesse ser contração, mas fiquei na dúvida. À tarde fui para aula de ioga. Havia decidido que seria minha última ida antes de ter bebê. Na ioga havíamos combinado de fazer um chá de bênçãos para abençoar a chegada da minha bebê. Da ioga busquei meu marido na academia (ainda estava dirigindo) e fomos para casa. No caminho já alertei a ele que estava sentindo contrações, mas que pudesse ficar tranquilo, pois havia mulheres que ficavam dias com essa “dorzinha”. Contudo, em casa as dores foram aumentando e comecei a ter contrações a cada 10min, com duração de até 2min. Achei que ia conseguir esperar passar a noite e descansar um pouco mais em casa, mas as dores só aumentaram. Liguei para a doula que havia contratado, Rosana Cupertino, e fomos todos para o Sofia Feldman.
Chegamos lá por volta das 02:00 da madrugada. Como foram chegando grávidas em estado mais urgente que o meu, elas foram passando na minha frente e eu só consegui dar entrada na maternidade às 05:00. Fiquei com receio de me mandarem de volta para casa, mas como havia vaga na Casa de Parto, me deixaram ficar. Estava com dilatação 3,4 nesse momento.
Já era a manhã de quarta-feira, dia 20. Me acomodei no quarto disponível e verifiquei que ali havia tudo o que precisava para o parto normal: cama, banheira, chuveiro, espaldar, banquinho para parto vertical, bola de fisioterapia para relaxar das contrações e uma enfermeira muito simpática que a todo momento verificava minhas condições (pressão, batimentos) e as do meu bebê. Já estávamos uma noite sem dormir e nessa altura, as contrações já incomodavam ainda mais. Para relaxar a ajudar no trabalho de parto, no meio da manhã recebi lava-pés com massagem e chá relaxante em uma casa anexa à maternidade que oferece esse carinho às gestantes, almocei e fiquei caminhando para ajudar na dilatação. Também recebi massagens e exercícios oferecidos pela doula para amenizar as dores e aumentar a dilatação. Entrou a tarde e já no finalzinho do dia a enfermeira pediu para avaliar minha dilatação, pois caso o parto não estivesse próximo, eu teria que ser transferida para a maternidade, uma vez que a enfermeira do turno da noite da Casa de Parto iria faltar. Na avaliação minha dilatação estava 7,8, o que meu deixou muito frustrada, pois já havia passado uma noite e praticamente um dia de trabalho de parto. Não acreditava que seria tão demorado. Fui transferida para um quarto com condições semelhantes ao que estava na Casa de Parto. Já entrava a noite de quarta-feira e as contrações, assim como o cansaço foram aumentando... já não conseguia mais me assentar e muito menos deitar, pois as dores aumentavam nessas posições. Na tentativa de aliviar o incômodo e relaxar um pouco eu revezava entre o chuveiro e a banheira, contudo, comecei a relaxar mais do que era necessário e as contrações diminuíam, o que atrapalhava no trabalho de parto. A essa altura, o pouco que ainda dava para brincar com a situação, nos intervalos das contrações ficávamos eu e meu marido apostando se o bebê nasceria sob o signo de touro ou de gêmeos.


Não teve jeito. Seria geminiana, pois entramos a madrugada ainda em trabalho de parto.  A enfermeira orientou que tentasse me esforçar para agilizar o trabalho de parto, com caminhada, agachamento, etc. Eu estava exausta pelo tempo sem dormir, e por já não conseguir me alimentar direito desde o início da noite... Nesse momento passou um filme em minha cabeça do meu médico dizendo que se chamava trabalho de parto porque era trabalhoso mesmo; de saber que o primeiro filho geralmente demora mais para nascer mesmo; por tudo que acreditava a respeito do parto natural e que tudo logo passaria e quanto mais eu fosse guerreira e me esforçasse, mais rápido teria minha filha em meus braços...
Em uma nova avaliação minha dilatação era 8,9 e a enfermeira ofereceu para acabar de abrir meu colo através do toque, de forma que pudesse encaixar a cabeça do bebê, que era somente o que faltava para o nascimento. Essa foi, sem dúvida, a intervenção necessária. Depois disso foi só fazer a força de expulsão.


Luísa nasceu às 05:20 de quinta-feira, dia 21. Seu nascimento foi muito emocionante e o sentimento de já tê-la em nossos braços ao nascer, indescritível. Ela nasceu sem chorar, bem tranquila e permaneci com ela em meu peito – ela já mamou no primeiro contato - durante todos os primeiros procedimentos. Na própria sala de parto ela foi pesada, medida e vestida e já sai dali com ela em meus braços. Não estivemos nem por um momento longe. Meu marido cortou o cordão umbilical e teve participação ativa em todo trabalho de parto. ‘Sofreu’ as dores junto comigo e foi essencial para meu suporte emocional.

E assim foi meu parto, sem ocitocina, sem anestesia, sem episiotomia e sem qualquer outra intervenção que julgava desnecessária. Foram quase 30 horas muito exaustivas de trabalho de parto, mas não me arrependo de minha escolha pelo parto natural. Descobri em todo esse desafio de parir uma força que não tinha noção que existia em mim. Me sinto mais encorajada para novos desafios e principalmente o de ser mãe, o qual venho aprendendo dia a dia desde que minha filha nasceu. Acredito em todos os benefícios do procedimento do parto natural e se tiver outro filho e puder optar, farei da mesma forma."



Confesso que quando eu fiquei sabendo pelo Cris, como tinha sido o parto, eu fiquei bem mais assutada do que lendo o relato da Janaína. Em conversa, ele me disse que devia ter se preparado melhor... lido mais... pois ele sabia que poderia não ser fácil, que demoraria, mas não imaginou que fosse tanto. Ele acabou ficando muito  mais cansado e estressado que a própria Janaína.
Um dia desses a Luíza e a mamãe vieram almoçar com o papai aqui em frente ao nosso serviço, e eu (a maníaca da barriga) dei uma palavrinha com a Janaína. Ela me disse que não se arrepende de nada, e que se tiver um próximo filho fará tudo igual. Bom, pelo menos o Cris já está mais preparado né? rss...
Então papais que estão por aqui... se a sua mulher optar por um parto natural, tenha em mente que vocês também serão peças fundamentais... então leiam e perguntem tudo que tiverem curiosidade, para que a insegurança de vocês não passe para as mamães neste momento em que elas têm que ser tão fortes.

E pra terminar, deixo vocês com essa fofurinha linda, a Luiza!


Alguém aqui quer parto natural? Alguém já teve um parto natural? Conte para a gente a sua experiencia também
contato@mamaesortuda.com

Beijos e mais Beijos


Thaísa Freitas

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sentidos do Nascer



A vida! Ah, a vida!

O que fazemos além de arriscar em uma vida intensa e inesquecível?

Vivenciamos certas coisas que acreditamos que só nós sabemos entender e explicar. E tudo faz sentido! Existem momentos na vida que não estavam escritos em nenhum manual de instruções, em nenhum romance famoso e em nenhuma letra de música agradável aos ouvidos... Como o nascimento dos nossos filhos.

Tem dias que fico pensando no parto do meu filho e tentando fazer com que minha mente não perca cada detalhe daquele passado. Rezando para que eu envelheça preservando minhas memórias. Que eu esteja consciente o bastante para vê-lo envelhecer com o mesmo olhar, carregado de esperança, que eu vi abrir para o mundo (e para mim). 

O parto é um momento lindo e único. Que mamãe não enche os olhos de água quando se lembra da primeira vez que viu e pegou seu bebê?


A vida passa tão, mas tão rápido! Hoje eles nascem, amanhã eles falam, no fim de semana eles formam e na semana que vem eles casam.

Vamos acompanhar cada conquista, guardar momentos especiais e esquecer tantos outros. 

Quando descobrimos a gravidez é um sentimento de medo e felicidade. Ao longo da gestação somos lembradas, tocadas e preferidas, mas é no nascimento que nos sentimos especiais. Especiais por receber um tesouro (a vida). Especiais por descobrirmos que alguém nos admira pelo cheiro, pelo sabor e pelo calor.

Lembro como se fosse amanhã. Sim! Como se ainda estivesse para acontecer e só de imaginar já desse um friozinho na barriga.

Durante a minha gestação não fiz nada para “preparar” meu corpo. Pelo contrário... Comi e fiz tudo o que quis. Engordei 30 quilos. Se arrependo da comilança? Ah! Sou uma mamãe sortuda (se isso responde...)! Minha vida perdeu o sentido (que a sociedade adoraria dar) depois que meu filho nasceu.

Eu estava tão feliz com a minha condição de gestante que na terça-feira, dia 13/12/2011, estava eu, por volta de 20 horas, comendo macarrão na chapa. Em plenas muitas semanas de gestação (completaria 42 semanas no dia seguinte). Disso sim eu posso dizer que me arrependo. Risos! 

Cheguei em casa, tomei banho e fui dormir. Dormir? Toda mãe sabe que é impossível dormir nos últimos dias. Então, retificando... Cheguei em casa e devo ter comido alguma coisa ainda, depois tomei banho e antes de deitar, com certeza, ainda comi melancia. Ao deitar, não consegui dormir e fui para o quarto que seria do Davi futricar as roupinhas pela enésima vez. 

A primeira contração foi 22:30 em ponto. Eu, metódica que sou, sempre anotava tudo. Naquele momento eu entendi o que as pessoas dizem que “quando chegar a hora você saberá”. Isso nunca fez sentido durante a gravidez, mas a gente sempre sabe a hora e se não sabe acaba descobrindo.

Eu sabia que Davi ia nascer, mas antes eu precisava fazer tudo que tinha lido e ouvido que deveria fazer: ginástica, controle da respiração, movimentos, banho quente... E minha barriga naquele ritmo!

Só decidi ir para o hospital por volta de 01:30 da manhã, pois as contrações estavam menos espaçadas. Não desesperei para ir ao hospital. Minha bolsa não tinha estourado e tinha lido que o primeiro trabalho de parto poderia durar horas e horas. Estava super tranquila, o que ajuda muito no trabalho de parto. Sabia que seria a última noite do barrigão. 

A vantagem de entrar em trabalho de parto pela noitada é que não tem trânsito para chegar à maternidade. Isso é importante quando não se mora perto (na época eu morava há 30 quilômetros de onde eu queria ganhar meu filho). 

Antes de partir para a maternidade, ainda quis tomar um último banho quente e vestir um vestidinho que era minha segunda pele. Risos! Ah! Eu não estava nem aí. Fui de chinelo, pijama, descabelada e sem unha feita. Vestida "inadequadamente" para muitos e muitas. 

Na maternidade não tinha ninguém. Cheguei, fiz a ficha para uma consulta com o plantonista (eu tinha decidido que meu parto seria com plantonista) e estava calmamente esperando ser chamada. 

Na consulta, o médico disse que eu estava com contrações, mas sem dilatações (acho que eles falam isso com quase todas as mães). Faria até sentido, para mim que não sou obstetra, olhando meu cartão de pré-natal e verificando que eu estava com 2 de dilatação há algum tempo e naquele momento (há umas 3-4 horas de trabalho de parto) ainda estava com 2.

O médico prontamente, claro e obviamente, recomendou a cesariana, pois meu filho não poderia ficar tanto tempo na minha barriga (eu e minhas 42 semanas de gestação). 

Sabe o que eu disse? “Ah! Está bem! Vou dar uma volta para pensar e volto aqui para seguirmos com o parto”. Ele disse que me esperava. Saí da sala e fui conversar com todas as enfermeiras e técnicas que encontrei na reta e perguntar sobre o médico que tinha me atendido, se ele era uma boa referência. Encontrei uma profissional que conversou carinhosamente comigo e disse que, se eu conseguisse, voltasse 7 da manhã, pois seria o horário da troca de plantão. Outro médico poderia me olhar. E o que eu fiz? Fui embora, claro! Agora muitas pessoas vão achar que sou extremamente irresponsável e sem vocação para a maternidade... É! Hoje eu até acho que fui um pouco irresponsável mesmo, mas fico muito feliz por ter decidido ir embora, se não fosse assim, minha história seria outra. Acho que faria igual se voltasse no tempo.

Fui para a casa da minha mãe, que era mais perto. Ela ficou comigo o tempo todo a partir daquele momento (vó de primeira viagem). 

A madrugada foi sem dormir e sem deixar ninguém dormir. Não que eu fosse escandalosa, mas chega um momento das contrações em que dá uma vontade incontrolável de morder alguma coisa e fazer muita força. Claro que nesse momento podem ser comuns alguns gritos de força. Risos!

Chegou um momento em que eu comecei a sentir muita falta de ar e a vomitar a alma (ou o macarrão na chapa onde eu tinha me acabado naquela noite).

Por volta de 5:30 da manhã eu já estava cansada, sem dormir, e pensando que 7 horas não chegava nunca (para a troca do plantão na maternidade).

Decidi voltar para o hospital quando minha mãe disse “esse menino vai nascer aqui, na cama”. Nunca que eu deixaria minha mãe, que nunca tinha feito um parto, virar minha parteira de última hora. Risos!

Voltei para o hospital, mas ainda não tinha acontecido a troca de plantão das 7 horas. Aff! Que agonia. Por sorte (lê-se: por falta dela), o mesmo médico plantonista me atendeu e, olhando seriamente, questionou: “onde você estava?”. Eu? Eu estava há cerca de 8 horas em trabalho de parto. Ele me avaliou e deu o veredito: vai ser parto normal. “Tem uns 7 de dilatação”. É! Acho que minha mãe tinha razão. Eu ia parir naturalmente em um quarto na casa dos meus pais se eu não tivesse voltado para a maternidade.

O médico perguntou se eu queria ir para o bloco e eu disse que preferiria ir me arrumar no quarto. Acreditem, eu tomei banho quente mais uma vez, conversei com minha mãe, vi um pouco de televisão... Agora leiam como realmente aconteceu: tomei banho na tentativa de aliviar as contrações que já estavam fortíssimas, mas eu queria viver aquele momento, sendo a própria autora do meu parto; lembro da minha mãe dizer: “arruma esse cabelo” e eu falar comigo mesma: “cabelo é a última coisa no mundo que eu vou querer arrumar agora”; a televisão estava ligada porque nem sei quem ligou, mas lembro que ainda prestei atenção em algumas notícia que passavam no jornal. Risos! Eu estava firma na luta!

As meninas da enfermagem vieram trocar minhas roupas e me levar para o bloco. Isso devia ser umas 7:00 da manhã e eu ainda conseguia andar. Acredite, mulher, você é capaz de ter filhos porque você tem toda a força do mundo. Não ouça a sociedade que te acha frágil, tampouco se julgue frágil.

No bloco, perguntaram se eu queria receber a anestesia ou esperar mais um pouco. Hoje penso que eu poderia ter esperado. Afinal, que diferença faria ser anestesiada 7 da manhã para alguém que estava desde 22:30 na aventura do parto? Mas acho que o cansaço já falava mais alto dentro de mim. Passei a noite toda sem dormir. Naquela correria e ansiedade toda. Fato era que eu estava cansada e me rendi à tentação sedutora da anestesia (imaginando que isso facilitaria muita coisa). 

Fui levada à sala de anestesia e aí começou um sentimento de medo. Comecei a lembrar de todas as histórias que as pessoas adoram contar para grávidas, de que não pode nem respirar no momento da anestesia e outras coisas aterrorizantes. Ai! Pra que mentir? É tudo mentira! A anestesia não é nenhuma missão impossível. Tudo dá certo. Já reparou quantas mulheres no mundo ganham seus filhos com anestesia? Eu nunca vi histórias reais sobre algum desastre da anestesia (ainda bem).

Fui anestesiada às 7:25 (tinha um relógio imenso bem na minha frente). Os médicos (obstetra, pediatra e sei lá quantos mais) disseram que ele já estava nascendo e que eu fizesse força nos momentos das contrações. 

Foi ali, no bloco, que minha bolsa (ou mala de viagem com três compartimentos) estourou. Parecia o segundo dilúvio. Decidiram até me trocar de sala no bloco, porque onde eu estava ficou intransitável. Risos!

Lembro-me de entrar na sala "seca" e olhar no relógio 9:25. Para mim, aquele momento em diante pareceu umas duas horas, mas meu filho nasceu 9:30 em ponto. 

O meu corpo fazia uma força inexplicável. Eu sentia minha barriga movimentando-se estranhamente. Minhas mãos segurando fortemente tudo o que estava ao meu alcance. Meus olhos, fechados, em ritmo com todo o meu corpo. A sintonia do parto. Meu filho nasceu quando senti meu corpo (e minha alma) respirando a vida. Não lembro dele chorar. Ele chegou em meus braços ainda sujo, mas de olhos grandes e abertos. E ele me olhou, como eu nunca tinha sido olhada. Naquele momento, compreendemos, eu e ele, os sentidos do nascer.

Pouco tempo depois do parto...


Acredito que tudo o que vivi com ele (desde a estadia em meu ventre) influenciou fortemente no que somos hoje. Algumas pessoas dizem que temos um cordão umbilical virtual. Compreendemo-nos pelos olhares, nossa primeira forma de comunicação. Fortemente influenciados, claro, pelos hormônios do amor.

Na manhã do dia seguinte... Já em casa!


Ah! Se você chegou até aqui (e eu agradeço pela persistência em ler), deve estar com uma pergunta na cabeça... Qual o meu objetivo neste post? 

Bem, como pode ser visto na minha história, quase eu passei pela experiência de uma cesariana desnecessária, porque um profissional não queria esperar mais um pouquinho para o meu filho nascer. 

Infelizmente conheço várias mamães que têm a mesma queixa que a minha, de profissionais apressadinhos demais, que não conseguem esperar o tempo (e o desejo) da mamãe e do seu bebê. 

Nosso sonho de parto não deveria ser negligenciado. 

Por isso tudo vou fazer um convite...

Outro dia estava andando pelo campus da Universidade onde estudo e vi o cartaz sobre a exposição Sentidos do Nascer. O objetivo da exposição, que tem financiamento e apoio do CNPq, do Ministério da Saúde, da Fundação Bill & Mellinda Gates e do Unicef, é “contribuir para a mudança da percepção sobre o nascimento, incentivando a valorização do parto normal para a redução da cesariana desnecessária”. 

A ideia é viver, reviver ou ressignificar a experiência do parto e refletir sobre o ato inaugural da vida. 

Eu tive que ir conferir de perto para compartilhar com vocês...

O Que Tem de Bom?

Instalada em três contêineres e cinco ambientes, a exposição, que é interativa e sensorial, é uma boa oportunidade para refletir sobre o mundo materno e paterno, sobre a gravidez e o nascimento.
Ao entrar na exposição você poderá ficar grávida/grávido com a ajuda de uma projeção. 

Senti saudades do meu barrigão! Vejam minha foto...


Você ganha um adesivo de um bebezinho no útero para colar na barriga.

Em seguida, você entra no "Mercado do Parto", que funciona como um mercado: com produtos à venda, mas que fazem uma crítica à forma como a gestação e o parto são tratados (como um negócio comercial). 

Eu morri de rir lendo as embalagens dos produtos. Só conferindo de perto para entender.


Contêineres

Corredor Controverso – alguns personagens conversam entre si, por meio de monitores, sobre as diferentes visões do parto e as falas que casais grávidos escutam durante a gestação de seus filhos. Adorei! Vivenciei muitas falas que ouvi das pessoas durante a gravidez. A verdade nua e crua.

Útero – eu fique apaixonada com esse lugar! Simula um útero. As lágrimas rolaram em meu rosto. Fiquei super emocionada! Você poderá ouvir sons de batimento cardíaco e ruídos de água semelhantes aos sons que a criança ouve quando está no ventre da mamãe. Você pode sentar em um sofá macio que representa a placenta, enrolar no cordão umbilical e depois “nascer” ou renascer. A sensação de nascer foi muito divertida. Cada vez que eu parava para dar mais uma andadinha (é super estreito e apertado), eu lembrava das minhas contrações e do meu filho nascendo. 


Grande Colo – tem uma mamãe de braços abertos te esperando nascer, além do espaço de convivência com fotos, vídeos e muitas informações.

Painéis

Abordam os seguintes temas:
1 – o tempo – a pressa ao retirar o bebê e o tempo necessário ao parto;
2 – o nascimento na história;
3 – parto natural humanizado, as boas práticas;
4 – cesariana – informações sobre a cirurgia;
5 – de quem é o parto – sobre o protagonismo da mulher;
6 – prematuridade – o que é e o seu aumento no Brasil;
7 – violência obstétrica – sofrida pelas mulheres brasileiras em seus partos.

Além de tudo isso, você ganhará um Plano de Parto que poderá ser muito útil para planejar seu parto e tem vários folhetos explicativos sobre esse momento especial e único.

Local da Exposição

A exposição esteve no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais e agora está no Parque Municipal de Belo Horizonte (onde ficará até o fim de abril), em seguida segue para o Boulevard Shopping (maio).

Se você não é uma mamãe mineira, não precisa ficar triste! A exposição ainda poderá ser vista no Rio de Janeiro (junho e julho), Niterói (agosto) e Brasília (outubro).

Mamães, papais, famílias e você que nem tem filhos e nem está grávida (ou grávido), fica a dica. Eu fui e fiquei super empolgada. É um local para refletirmos sobre muitas coisas e sentirmos tantas outras. 

Espero que gostem e sintam-se envolvidas.
E se quiser contar sobre sua aventura do parto, pode contar: contato@mamaesortuda.com

Algumas informações técnicas sobre Sentidos do Nascer consultei nos seguintes links:

Beijos!


Fernanda Garrides