Mostrando postagens com marcador perda de um filho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador perda de um filho. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Ressignificando uma perda gestacional após 7 anos!

Há 7 anos eu perdi meu segundo bebê. Era janeiro de 2012 quando descobri que estava grávida. Minha filha mais velha, a Mariana, estava quase completando 5 anos e ficou muito feliz com a notícia. Após 6 semanas, veio o sangramento. Depois de idas e vindas a médicos e hospitais, HCG não compatível com aborto e muita preocupação, descobrimos a gravidez ectópica. O bebê estava se desenvolvendo fora do útero, em minha trompa direita. Precisei fazer uma cirurgia de emergência para interromper a gestação, porque a trompa poderia romper a qualquer momento e gerar uma grave hemorragia interna. 

gravidez ectópica, constelação familiar

Após a cirurgia eu acordei com a sensação de um vazio enorme. Além de ter perdido o bebê, recebi a notícia de que foi preciso retirar a trompa e as possibilidades de engravidar novamente diminuiriam em 50%, e eu teria 20% de chances de uma nova gravidez ectópica. Em um momento como aquele, receber essa notícia sobre o meu futuro foi assustador. Toda essa situação desencadeou uma forte depressão e síndrome do pânico. Após 1 ano de tratamento eu me curei, fiquei livre dos medicamentos e no ano seguinte eu engravidei novamente.
A gestação e o nascimento da Helena foram momentos de grande superação. Ela nos trouxe uma imensa alegria, inundou minha vida com sua luz, mas ainda existia um vazio em mim que eu não conseguia preencher.

perda gestacional, constelação familiar
Imagem: obra do artista tcheco Martin Hudáček  - “Memorial a Criança Não Nascida”.

Durante um tempo eu consegui conviver com esse sentimento. De certa forma, eu o ignorei. Foi quando em 2018 eu iniciei uma jornada de autoconhecimento. Fui presenteada com o curso de Reiki, comecei a praticar Yoga e meditação, me aproximei ainda mais da minha religião (sou Espírita), voltei a estudar e iniciei minha especialização em Acupuntura. Nesse processo, aquele sentimento adormecido começou a incomodar. Eu senti que precisava ressignificar aquela perda. E um dia, rolando o feed do Instagram, vi uma postagem do Andrei Moreira (médico, homeopata, que também trabalha com Constelação Familiar) sobre os "filhos que não seguiram vivendo":

"Os filhos que não seguiram vivendo (abortados espontâneos ou não, natimortos, falecidos) são tão filhos quanto aqueles que seguem vivos. Eles também pertencem e não podem ser excluídos. Quando o são - o que acontece pela dor da perda - trata-se de uma dupla morte: não tiveram direito à vida e não lhes é dado o direito de pertencer à família. Isto fere o pertencimento, lei sistêmica natural, fazendo com que os excluídos sejam reinseridos no sistema familiar através de uma representação ou sintoma. No coração, os pais e irmãos se conectam a estes filhos e irmãos de uma forma especial, com um amor profundo e sempre presente, frequentemente ignorado e que sustenta movimentos em direção à morte (ou ao menos), para junto deles, por amor cego. Olhar para este amor - e sobretudo para o amor dos filhos que não viveram pelos pais e irmãos, o que é possível se fazer sozinho ou em um workshop vivencial de constelação familiar, por exemplo - respeitando-lhes o destino e dando-lhes um lugar de amor no coração, pode promover uma forte conexão com a vida e com a alegria de viver. Sempre sugiro às mães - ou aos pais - sentir se era um menino ou menina e colocar algo em si que o(a) lembre, como um anel ou um pingente. Isso ajuda a reforçar a inclusão e o lugar de amor no coração, bem como o movimento de vida."

perda gestacional, gravidez ectopica


Essa postagem me tocou profundamente. E eu busquei me conectar a esse sentimento. 
Através de orações, lembranças, intuições, meditações, eu senti que era um menino (na época já tinha sido revelado pra mim também) e realmente nos conectamos. E então eu sonhei. E no sonho eu conheci o seu nome: Francisco! E agora, o meu bebê tem nome e está representado neste berloque. Do meu coração, ele nunca saiu!

Constelação familiar, berloques, gravidez ectopica

gravidez ectopica, perda gestacional

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Carta à minha primeira sobrinha...



"Era uma quinta feira, por volta das 16:00 quando seu pai me ligou, com um tom bem sério ele me disse: Sua irmã perdeu o bebê!
Aquela frase entrou em meus ouvidos, roubou minha fala, meu fôlego, e encheu meus olhos de lágrimas...
Cogitei não ser verdade, mas com uma coisa dessas não se brinca!
Um turbilhão de sentimentos e de questionamentos... Coube a mim e a seu tio Arthur a difícil missão de contar também para a sua avó e para sua bisavó!
Sua mãe veio para casa, recarregar as energias com a gente... com o aconchego da família... choramos, conversamos e por fim até rimos de algumas coisas! 
Desde o dia que soubemos que você viria ao mundo, você foi muito festejada... a Titia já te amava tanto quanto os meus!

Me segurei diversas vezes para não comprar milhões de laços e vestidos... sua mãe, comedida como sempre me "podava" várias vezes!
Já imaginava você com seus cachinhos lindos, passeando com a gente, dormindo na minha casa, e sendo mimada pela Lara... Theo com aquela paz e aquele sorrisinho te olhando admirado! 

Imaginei sua vó, feliz com seus três netos... a casa dela cheia... e a Bisa colecionando mais uma bisnetinha!

Mas não quero lamentar o que não vivemos, quero agradecer você por tudo que você nos proporcionou! 
Me mostrou que ainda tem amor dentro de mim para um serzinho que eu nem conheci, me mostrou que na vida não somos nós que escolhemos, é Deus! 
E se ele quis assim tem um propósito e a nós cabe aceitar!

Você reafirmou o que eu já sabia... que a sua mãe e seu pai são muito fortes... e tenho certeza que com você aprenderam a serem ainda mais! 
Eu sempre tive admiração por eles!
Mas era chegado o momento, você cumpriu sua missão aqui pequena, e na sexta feira, no fim do dia, a sua mamãe te viu... te conheceu... chorou... imagino que se despediu, mas encerrou!
Segundo as palavras do seu pai, você era perfeita! 
Naquele momento tive muita vontade de sair correndo para o hospital para te conhecer, te ver, procurar semelhanças... Mas não! Não fui! 
Prefiro te imaginar assim, como seu pai descreveu, perfeita!
Sei que você é muito pequenininha, mas mesmo assim quero lhe pedir um favor: Cuide da sua mãe de onde você estiver... mostre para ela que o sonho não acabou, mas está só começando... que ela sempre terá um anjo no céu olhando por ela! 
A faça forte! Guie seu pai! Seja uma luz na vida deles... seja aprendizado... 
Cecilia, seria seu nome... Nome de Santa, que pra mim agora é nome de Anjo!"

Titia te ama muito!
Desde sempre!