terça-feira, 18 de outubro de 2016

Relato de uma gravidez com trombofilia

Já que o outubro rosa é voltado para a saúde da mulher, vamos falar de trombofilia? Já ouviu falar? Eu não, até eu descobrir ser portadora dessa condição. Sabia que ela pode ser causa de abortos recorrentes sem explicação? Pode haver descolamento prematuro de placenta? Que mulheres portadoras não podem tomar anticoncepcional que contenha estrógeno na sua formulação? Por exemplo, eu, sempre tomei a medicação errada, mesmo sendo com indicação médica.

trombofilia
Nós três ( quinto mês )

Trombofilia é uma condição relacionada com o aumento da tendência de coagulação do sangue, o que pode aumentar as chances do individuo ter os chamados "eventos trombóticos venosos" (que conhecemos como trombose) ao longo da vida. Resumindo, trombose é a formação de coágulos que podem causar entupimento das veias em qualquer parte do corpo, não só nas pernas, como é mais conhecida. Para piorar, a mulher, durante a gestação, tem este risco aumentado, pois há uma grande tendência de hipercoagulabilidade natural em função da gravidez.

Há vários tipos de trombofilia. Ela pode ser do tipo hereditária, onde envolvem mutações em determinados genes herdados dos pais, ou do tipo adquirida, onde a pessoa pode ter um problema com o sistema imune, ou como resultado de outro problema médico que tenha sido desenvolvido.

Infelizmente, muitas mães perdem seus bebês até serem diagnosticadas com trombofilia, que geralmente só é investigada depois do terceiro aborto recorrente. Existem inúmeros casos onde a gravidez não consegue evoluir, ou evoluem normalmente e ocorrem abortos com mais de 30 semanas. Só quem é mãe para imaginar a dor, né? É de cortar o coração! Principalmente quando um exame poderia ter salvado uma vida!

trombofilia

Descobri ser portadora de trombofilia do quinto para o sexto mês, graças à deficiência de proteína S e de antitrombina. Minha Ginecologista, Dra. Maria Inês Junqueira Kalife, que é médica da família há anos, extremamente zelosa e precavida, me pediu que fizesse os exames de fator genético, depois de de alguns exames alterados. E batata! rs! Tínhamos um quadro de trombofilia alí. Na minha família não tinha nenhum caso de evento trombótico, exceto minha avó que teve depois de uma cirurgia no ombro. Assim, fui encaminhada a uma hematologista que me orientou, me explicou todos os riscos e me receitou a heparina (anticoagulante) para ser aplicada todos os dias como forma de prevenção de formação de trombos, protegendo a mim e ao bebê. A partir daí minha gravidez foi considerada de risco e o monitoramento aumentou. Um dia de pressão alta era motivo para um milhão de exames!

E o coração? Apesar de confiante, vivia apertado, ser confiante nesse caso não era um estado, era uma decisão. Quantas vezes eu entrava para o chuveiro para chorar escondido ou fazer uma oração, (grávida adora um banheiro, né gente?rs!) e depois percebia que nem o banho mesmo eu tinha tomado. Me manter firme mantinha todo mundo em volta firme, mantinha o meu marido forte, que era outro que não fraquejava na minha frente para me dar forças, mas olhava em seus olhos e via o mesmo medo que o meu, mas ele decidiu confiar também! Acho que na vida tem momentos que precisamos ser mais forte que nosso sentimento, é necessário ser mais forte que nosso coração. E de onde vem essa força? Para nós, só pode ser Deus. E vocês não tem ideia do tanto que eramos gratos de nada ter acontecido até eu iniciar a medicação, nossa fé ficou gigante! Em tudo precisamos achar o propósito do que está acontecendo, e isso nos fez crescer muito.

trombofilia
Confiança também é decisão
E foi assim toda a gestação, lendo milhões de artigos, matérias, blogs sobre trombofilia, vendo vários casos, vibrava a cada mãe que conseguia ter seu bebê, chorava a cada caso de interrupção de gestação, e de certa forma me ajudava ver as mães dividindo suas experiencias. Sabe o que eu fazia muito? Conversava com o Ben na barriga, batia altos papos, era a louca do carro que falava sozinha! Hahaha! Eu contava tudo para ele, tudo que estava acontecendo, que eu precisava que ele fosse forte, explicava sobre o remédio, que ele era um guerreiro e que em breve estaríamos juntos, que iriamos vencer essa, juntos! Eu acredito muito nisso, nessa coisa de mandar energia positiva para as coisas fluírem, independente de qual seja a religião, coisas boas só atraem coisas boas!

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Parte do meu descarte
Ah! Deixa eu falar das famosas " picadinhas de amor"! A medicação é injetável e precisa ser tomada inclusive no puerpério (pós parto). No meu caso foram quase 300 injeções, o mais conhecido é o clexane, que é uma dose diária, custa em torno de R$ 50,00 cada dose. A minha hematologista me recomendou ir ao posto de saúde antes de comprar a medicação ( cerca de R$ 1500,00 por mês) ou procurar o plano de saúde para cobrir as despesas. Plano de saúde eu só conseguiria com ação judicial, e pelo posto de saúde eu consegui em tempo hábil, mas não o clexane, e sim o hemofol, que eram duas doses diárias religiosamente de 12 em 12 horas, por isso as minhas quase 300 aplicações. Vocês vão me perguntar, duas injeções por dia? Dói? Hahaha! Respondi isso muito: Dói, deixa hematoma, mas elas são por amor, então a gente acostuma! Se fosse necessário, tomaria até na testa! e com tempo a gente faz até piada, peneira perdia de 1000 furos para mim, com certeza! Hahaha! Uma observação importante meninas, é revezar as áreas de aplicação, eu não quis aplicar na barriga, meu sonho era a gravidez e queria curtir meu barrigão, então acabei aplicando na parte interior da coxa e a parte posterior dos braços, os braços desisti com algumas aplicações, ficava muito roxo e o hematoma se espalhava, parecia que eu tinha tomado uma surra e tinha que ouvir a cada hora um me perguntar o que tinha acontecido e é chato né? Tive que aplicar várias vezes fora de casa e as pessoas ficavam olhando como fosse coisa de outro mundo! Então, passei a revezar só as pernas, a pele ficou mais rígida, era mais difícil a aplicação e tenho hematomas até hoje por sacrificar tanto a área. Então, não façam como eu! Outra coisa, é ter alguém para aplicar de vez em quando, porque tem dia que a gente fica desanimada e é bom ter alguém para dar uma mãozinha. Meu marido quase virou um enfermeiro! Acho que ele aproveitava e até descontava umas raivas! Hahaha! Mentira! Ele morria de dó de mim! E por favor meninas, não saiam, como eu, se machucando por aí! Sou das desastradas e um cortinho era sangue sem fim por causa do anticoagulante.

E se no final deu tudo certo? Deu sim!!! O tratamento funcionou, as orações funcionaram, a fé deu certo, a energia boa deu certo! E meu Benjamin, o filho da felicidade (significado do seu nome), nasceu lindo, saudável e iluminado! É o meu guerreiro! E meninas, foi parto normal e foi possível tomar anestesia, pois quando minha bolsa rompeu eu não tinha tomado a segunda dose diária da heparina. Trombofilia NÃO é indicação absoluta de cesárea! Procurem se informar, procurem opiniões de diferentes médicos e façam suas escolhas! Pesquisem, vão achar muito conteúdo em sites confiáveis.

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Eu sempre irei me lembrar do som do primeiro chorinho, do olhar aliviado do meu marido e de me virar para o vidro da sala de parto e ver o tanto que todo mundo vibrava, eram mais de vinte pessoas ali no hospital, torcendo pela nossa vitória, durante as inacabáveis dezessete horas de trabalho de parto! De verdade, era de arrepiar a energia que recebemos! Depois de alguns meses tensos, foi a primeira vez que meu coração ficou em paz, nada me tira aquele cheiro, aquele calor de ter o Benjamin nos meu braços. 

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Alívio!

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Nós vencemos!
Já se foram seis meses e agora estou repetindo meus exames para ver se preciso tomar o anticoagulante oral continuamente. Se tivermos outro filho, será o mesmo processo novamente, assim que detectar a gravidez é necessário entrar com a heparina. Mas isso, eu e o Ed vamos avaliar ainda, temos planos de adoção também, então é uma conversa para mais tarde. Como método contraceptivo eu e minha médica optamos por usar o DIU mirena, que é adequado à minha condição.

Meninas, longe de ser um post com parâmetros médicos, é só a minha experiência com a trombofilia e um apelo: Gravidinhas e tentantes, conversem com ginecologista de vocês! Peçam para avaliar o histórico e, se for o caso, fazer os exames necessários.
Você que está lendo, conhece uma gravidinha? Comente com ela sobre isso, quem sabe sua informação não pode salvar uma vida? Uma médica atenta pode ter salvo a vida do meu filho e sou imensamente grata por isso! E mamães trombofílicas: tenham fé!!! Vai dar certo!

Nós. O Ben, eu e meu marido vencemos a trombofilia.
Valeu a pena cada picadinha de amor, olha só:


Tem uma história com a trombofilia? Escreva para nós! A sua história pode ajudar muitas outras mamães.


Um grande beijo,

Lalá












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9 comentários:

  1. Muito emocionante sua historia, parabéns pelo Bebê!! Sua gravidez inteira foi utilizando o Hemofol (ampolas)?

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    1. Olá! Usei sim, no pós parto também. Obrigada pelo carinho! Um beijão!

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  2. Perdi minha Maria no início desse ano dia 12 de Janeiro com 32 Semanas. Não havia suspeita dá doença... Meu GO me indicou o aconselhamento genético e aí foi descoberto o problema. Para uma nova gestação teremos que utilizar o medicamento é conviver com as angustias diárias causadas pelo medo! Foi motivador ler a sua história é saber que tudo acabou bem. Deus guiará nossa decisão. Muita luz e muita paz pra sua família linda! Bjs

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    1. Ei Clelia! Converse com seu médico direitinho, tomando a medicação as chances são ótimas! Lamento profundamente pela Maria, consigo mensurar a sua dor. MAS NÃO DESITE! Me conta como estão indo as coisas!Vou deixar meu telefone, se quiser conversar mais a respeito - 31 984366641- Um grande beijo e muita luz para vcs!

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  3. Bom!vou contar um pouco da minha hisória depois que eu descobri da pior forma essa doença, exatamente falando depois de dois abortos espontâneos! até então na primeira perca minha médica já havia me passado exames para saber o porque do aborto, mas como na noite que perdi meu bebê minha GO estava viajando e foi outra que me atendeu ela me falou que era normal perder sempre o primeiro filho e que tudo iria ficar bem tive que fazer curetagem a dor de perder um filho é imensa e essa Go que me atendeu na emergencia me falando que era normal e que iria conseguir ter outro filho normalmente , até ai então não fiz os exames e deixei como estava achando que teria sido mesmo algo do destino q tinha que acontecer e tudo mais, eu e meu marido sofremos muito com a perca do primeiro bebê .. passado 3 meses do ocorrido a notica veio estava grávida novamente .. comecei meu pré-natal com minha GO comecei tratamento para não abortar mas nada adiantou, tudo aconteceu de novo .. como na primeira vez de noite começou a vir uma pequena borra de café e então depois sangue , fiz uma trans.. mas como era de 1 mes apenas ele saiu naturalmente .. passamos pelo mesmo processo de dor e perca novamente .. foi ai que resolvi investigar e ir mais afundo sobre isso .. conversando com minha GO ela me passou novamente os exames pra saber da trombofilia.. que no meu caso é HEREDITARIA passou de mãe pra filha ..
    foi ai que veio aquele susto 1 injeção todo dia na barriga durante as tentativas e durante a gravidez inteira .. nessas horas a gente fica se perguntando pq comigo,pq eu .. muitas pessoas me perguntaram você tem certeza que vale apena passar por toda essa dor pra ter um filho? muitas pessoas vieram me falar adote que você não vai conseguir ter um filho .. Mas Deus está comigo e vamos vencer .. entrei com processo pelo estado pra conseguir as injeções e já estou recebendo e sei que as picadinhas de amor vão valer apena e logo estarei com meu milagre nos braços .
    obrigado por compartilhar essa sua história que nos mostrar que tudo acabou bem e por nos dar esperança que assim como deu certo contigo você conseguiu ate o fim sei que pra mim também vai dar certo .
    beijos

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    1. Olá! Primeiramente fiquei emocionada em ler a sua história, gratidão por dividir ela conosco. Gostaria muito de te conhecer e ter notícias suas!Coloco meu telefone a sua disposição 31 984366641. Lamento suas perdas, muito, de coração. A minha trombofilia também é de origem origem genética, e é uma condição completamenbte sorrateira, por isso temos uma missão de divulgar cada dia mais, para que as mulheres se atentem a ela. Vou ser muito honesta com você, a espera, a ansiedade, o medo consomem a gente. Escute menos as pessoas, escute o seu coração. Se agarre a algo que te renove as esperanças. Se você me perguntar hoje se eu quero outro filho, se eu teria outra gravidez, eu te diria convicta que sim!O incomodo da injeção, de verdade, a gente acostuma, o medo e a ansiedade passam! Creio que Deus está conosco o tempo inteiro, mesmo quando não conseguimos entender o porquê de tantas coisas. Lembre-se você já é vitoriosa só de tentar, depois de duas perdas, você está aí tentando. Não preciso te conhecer, para perceber o quanto é forte, minha profunda admiração por você!Fico feliz deste texto ter te alcançado, se por um momento ele alegrou o seu corção, minha história já valeu a pena! UM ABRAÇO GIGANTE!

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  4. Que linda sua história... Aos 26 anos tive trombose naperna esquerda aos 29 2 abortos de repetiçao e agora com 30 estou gravida denovo, tomando a injecçao do amor todos os dias e crende que meu milagre ira chegar, obrigada porter contado sua história seu bebe é lindo e Deus é muito bom!

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  5. Muito emocionante! Chorei muito. Também descobri agora, depois de aborto que tenho trombofilia. Fiquei muito arasada quando perdi e me sinto muito insegura nesse momento. Mas é muito bom e nós dá esperanças ver histórias como a sua. Que Deus abençoe sua família.

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  6. Larissa querida, que história abençoada, e muito emocionante, ainda mais por estou passando neste exato momento por um aborto retido, o qual o médico desconfia trombofilia, amanhã estarei fazendo a curetagem. Vou contar minha história, ano passado descobri que estava grávida pela primeira vez, eu e meu marido comemoramos muito, mas durou apenas 10 dias da descoberta ao aborto, na verdade comecei abortar (sangramento 1 dia antes da data do ultrasson e qndo realizamos o exames só existia resíduo fetal, o médico disse que era normal na primeira gestação. Esse ano engravidei novamente descobrimos no início, fizemos ultrasson ouvimos os batimentos cardíacos, foi emocionante eu e meu marido caimos no choro de emoção, enfim dando certo, quando entrei na 8° semana (quinta-feira passada dia 11/10) fomos para a consulta e o medico disse que o feto não havia desenvolvido e estava sem atividade coronária, pediu para eu retornar hoje e repetir o exame mas já sem me dar esperança, passei o feriadão em oração, uma mistura de esperança com medo, mas já sentia o que estava por vir, e hoje ele confirmou tive um "aborto retido" não sangrei e não tive nada, pois estava tomando progesterona para segurar. A notícia veio como um banho de água fria questionei o que poderia ser e ele disse que desconfia de trombofilia, por ser aborto repetitivo, eu havia avisado o médico anterior que estava me atendendo do meu inchaço matinal e das dores abdominais e de cabeça mas havia dito que era normal, mas este medico que procurei na última semana disse que são sinais, mas agora vou esperar o organismo voltar ao normal e fazer os exames. Estou triste por saber que estou carregando dentro de mim esse serzinho que eu já amava tanto e que agora não tem mais vida, mas seu post me encheu de esperança e fé. Obrigada por compartilhar sua linda história, que Deus abençoe vc e sua família.

    >>> uma coincidência se fosse menino iria se chamar Benjamin

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