quinta-feira, 12 de abril de 2018

Criança x telas – relação inofensiva ou perigosa?


As crianças da Geração Alpha, nascidas a partir de 2010, já nascem inseridas no mundo tecnológico e isso é um fato. Algumas até mesmo antes de abrirem os olhinhos já são surpreendidas com uma tela que quer ansiosamente registrar sua vinda ao mundo. 

Desde a primeira fotografia por smartphone na maternidade, a relação dos pequenos com as telas não param mais. Primeiro, pelas mãos de seus responsáveis, alguns meses depois, suas próprias mãozinhas são incentivadas e ensinadas a segurar tablets e celulares para assistirem a famosa Galinha Pintadinha e afins. E achamos isso tão bonitinho! Aqueles dedinhos gorduchos que já sabem agarrar um aparelho com toda a vontade do mundo. Dedinhos que mais alguns meses à frente já até deslizam sobre as telas reproduzindo fielmente o movimento das mãos adultas. E continuamos achando lindo! Como essas crianças já nascem tão espertas, não é mesmo? 






Em meados dos primeiros meses de suas vidinhas, nossas crianças também são incentivadas a ficarem quietinhas em frente a uma tela que tem cores vibrantes e sons sedutores! Ah, a tv... uma babá perfeita! É tão fofo como bebês de 5 meses já fixam os olhos e prestam atenção nos desenhos animados, não é mesmo? 

Então, seguimos esse ritmo até o primeiro aninho, segundo... e a partir daí nossos pequenos já são também promovidos a seres capazes de interagir com jogos de video-games e computadores. É impressionante como eles aprendem com esses meios! Como desenvolvem coordenação motora, percepção, atenção e agilidade! As brincadeiras de rua e as atividades criativas que outrora cumpriam esse papel já não são mais necessárias, afinal, temos algo mais prático, que não faz sujeira e ao alcance das mãos, não é mesmo? E aí, dos dois anos em diante é um boom de informações e possibilidades que não para mais. Essas pequeninas criaturas são expostas a meios tecnológicos que nem sonhávamos ter acesso em nossa infância e aprendem a usá-los com muito mais destreza que nós adultos. 

Até que se chega à temida fase da adolescência e não sabemos os porquê de nossos filhos serem tão antissociais, não gostarem de conversar mais conosco, não cumprimentarem e serem gentis com os vizinhos e só gostarem de ficar trancados no quarto se “relacionando” com pessoas desconhecidas pelo computador. “Conversam” e jogam com outros adolescentes do mundo inteiro, mas ao menos dão bom dia para quem está no quarto ao lado. E aí, também achamos isso bonitinho como lá no início de suas vidas? Percebe um caminho que foi traçado e uma relação abusiva que foi construída com a tecnologia lá atrás desde a primeira infância? Realmente não sabemos o que acontece com esses adolescentes ou simplesmente não queremos assumir nossa parcela de responsabilidade nesses comportamentos? Choque de realidade, eu sei. 


João brincando sem telas. Caixa de leitura e projetos criativos.

Mães, pais e educadores que estejam lendo esse texto, por favor, não se sintam atacados. Não estou aqui julgando e apontando dedos, até mesmo porque me sinto incluída em todas essas situações. Estou questionando ideias e não pessoas. Questionando a ideia de que tem que ser sempre assim. Que a criança tem que ser forçada a ter contato com as telas desde a mais tenra idade simplesmente “porque hoje em dia é assim”. 

Escrevo esse texto com um nó na garganta porque descrevi meu próprio comportamento com meu filho até o quarto parágrafo desse texto. Mas não preciso perpetuar isso e vê-lo seguindo o mesmo caminho que vejo em parentes e alunos adolescentes. Ele ainda está com 5 anos. Posso dar um basta e romper um ciclo. Posso mudar minha maternagem também com minha segunda filha que está apenas com 4 meses de vida. Afinal, um novo filho, uma nova oportunidade de melhorar e me auto-educar. 

Muitos vão achar que sou exagerada. Mas o fato é que existem estudos concretos sobre a influência negativa do EXCESSO dos eletrônicos no desenvolvimento das crianças. Num próximo post falarei mais sobre isso. Veja que estou falando sobre os excessos. Não estou aqui dizendo pra proibir totalmente o contato de seu filho com as telas, mas sim, incentivando uma auto-avaliação. Educar para o EQUILÍBRIO é o maior desafio aqui. E sim, é possível. É possível ensinar equilíbrio no uso de eletrônicos, mas devemos ter cuidado para não sucumbir à tentação de deixar aquela 1 hora de TV estipulada para o dia virar 2 ou 3 horas (afinal, é muito mais cômodo deixar a criança quietinha com as telas, não é mesmo?). É aí que mora o perigo. Devemos sair do comodismo, sentar no chão, brincar com nossas crianças, ler um livro. Enfim, é preciso dedicar às nossas crianças um tempo que hoje pode parecer um fardo devido ao nosso cansaço diário, mas, que no futuro, será uma recompensa em forma de filhos adolescentes companheiros e conectados conosco. 

É verdade que no mundo de hoje é impossível viver totalmente sem telas. Nem estou aqui dizendo que devemos criar nossos filhos dentro de uma bolha. Mas se faz necessário educar com limites. O que hoje pode parecer inofensivo pode cobrar uma conta alta no futuro. 

Ainda acha que estou exagerando? Veja o que diz a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria): “A SBP recomenda que bebês com até dois anos não tenham nenhum acesso às telas, principalmente durante as refeições ou antes de dormir. Para crianças entre dois e cinco anos, o limite recomendado é de uma hora diária. Já as de seis anos não devem ter contato com jogos violentos e, até os dez anos, nenhuma criança deve ter televisão ou computador nos próprios quartos para evitar a vulnerabilidade do acesso a conteúdos inapropriados.” (Fonte Catraquinha). E eu sigo tentando, mesmo já estando bem fora desses parâmetros considerados ideais pela SBP, espero que um dia consiga estar mais próxima deles porque realmente acredito que esses são os padrões saudáveis para nossas crianças. 


Invenções com material reciclável preenchem o tempo em que ele estaria em frente a tv


João nunca teve o hábito de ficar em computador, tablet ou celular, porque esses eu sempre proibi. Ele só tem acesso de vez em quando aos finais de semana em que se encontra com os primos que tem esse hábito. Mas a TV… ah, essa ele era viciado. Mas estou fazendo um processo de desintoxicação(rs) e está dando certo! Comecei limitando a parte da manhã, que antes era inteiramente preenchida com TV, a 2 horas de desenhos animados. O restante é preenchido com brincadeiras, leituras e tempo junto. No começo foi difícil, ele resistiu bastante, mas agora quase não está sentindo falta. Há dias em que fica tão concentrado em seus projetos criativos que se esquece de ligar a TV. Não fui pelo caminho da proibição pura, mas propus outras alternativas interessantes e que o seduziu também. Nada mirabolante, mas interessante e que estimula a capacidade criatividade da criança. 

Escrevo não para julgar, mas para tentar ajudar famílias a repensarem suas práticas através da informação, assim como repensei a minha. Termino listando aqui algumas coisas simples que tenho aplicado em casa e que tem dado certo. Estamos nos conectando mais e construindo memórias afetivas, coisa que eletrônico nenhum nos proporcionaria! 





Deixo também a indicação da caixa criativa da BOX KIDS CLUB que foi uma salvação pra mim! Ela inspira projetos criativos e fáceis dos pais fazerem com os filhos. 
Se tiver interesse, conheça mais aqui





Até o próximo post e pratiquem bastante tempo junto!
Bjs no <3 



Talyta Andrade
@joaoemaria_passseiam

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