Oi!!!
Há quatro anos atrás escrevi sobre a minha vivência com a perda gestacional aqui no blog (aqui, aqui e aqui). Recebo muitos recados via WhatsApp de mães que também passaram pelo processo de perda gestacional querendo conversar, saber como foi depois de tudo o que aconteceu. Resolvi então escrever para você, que também teve uma perda gestacional.
Bem, foi um processo doloroso, mas também muito transformador. Tive sentimentos profundos e que me acompanharam por um tempo... me culpei, me senti incapaz, me senti estranha em uma sociedade que vê a perda gestacional como um segredo guardado a 7 chaves, como se o ocorrido não pudesse ser pauta de nenhuma conversa, me senti tratada com mais uma na estatística por médicos. Nesse processo também percebi a quantidade de mulheres próximas a mim que também haviam passado pela perda gestacional. O fato de conversar muito com amigas, escrever aqui no blog e nas redes sociais a respeito trouxe um movimento interessante. Um movimento de pessoas que também queriam falar, que queriam ser ouvidas, que queriam compartilhar as suas vivências como forma de cura, desabafo, medo do inesperado etc. Na dor a gente aprende tanto, mas tanto...eu me permiti aprender com essa experiência.
Denominamos nosso bebezinho como Saulo e aos poucos fomos ressignificando tudo o que vivemos. A maternidade me transformou muito, e a perda gestacional também. Nesse processo tentei olhar para dentro de mim e dentro da minha casa. Comecei a olhar para a minha relação com Deus, de fé, de crenças. Sempre me perguntava o "porquê" disso? E hoje vejo que essa pergunta pode ter várias respostas, e acredito que muitas delas nunca saberei. Quando houve a perda eu, meu marido e a Nina (minha primeira filha) nos fortalecemos juntos. Resgatamos aos poucos os nossos sonhos. Comecei a olhar para as mulheres ao meu redor com ainda mais admiração e ainda mais respeito pelas histórias, pelas suas origens, pelas suas vivências. Aprendi que cada história é única. Eu queria acelerar o tempo para resolver isso, mas tive que aprender a dar tempo ao tempo. No fundo no fundo nunca deixamos de acreditar que seríamos capazes de gerar uma nova criança, mas a nossa força foi aos poucos chegando. Meu corpo também foi se recuperando aos poucos. Foram algumas tentativas para que pudéssemos efetivamente engravidar, e sim, isso aconteceu!
Então querida mãe, se você está lendo essa mensagem após ter vivido a experiência da perda gestacional, quero te pedir de coração que cuide com todo amor do mundo de você! Sempre haverá uma luzinha lá no céu brilhando e um arco-íris para lembrar-lhe de que há sempre esperança na jornada, há crescimento, há reflexões, há amor, há vida, há planos de Deus... Não compare a sua história com a de ninguém, nem o seu tempo com o de ninguém. Essa jornada é sua! Se ame, se abrace, se cuide e siga!
Toda vez que aparece um arco-íris no céu faço uma oração pelo meu Saulo...ele me ensinou tanto! Vamos fazer esse combinado? Sempre que ver um arco-íris por aí vamos rezar juntas?
Sinta o meu abraço bem apertado, com muito amor.
Essa dor no peito vai diminuir.