quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Trabalhando Longe do Filho

Quando a maternidade chega, nasce com ela vários desafios e conflitos. Aquela mulher, cheia de sonhos e desejos, vê sua vida dividida entre as muitas tarefas e responsabilidades que assume, seus mais ousados planos pessoais e profissionais e um ser tão imaturo e dependente.

É tão comum ouvirmos uma mãe afirmar que perdeu a própria identidade com a maternidade. Acredito que esse é um dos grandes desafios da maternidade: não se anular, não desistir dos próprios sonhos, não desistir de fazer tudo o que sempre desejou.

No começo pode ser mais difícil, mas com o tempo a gente aprende a fazer a gestão dessa nova mulher.

Um dos desafios que tenho vivido este ano é o de trabalhar longe do filhote (que já está com quase 7 anos). E já tenho conseguido fazer isso sem culpa!



Tenho feito muitas viagens para outros Estados e ficado alguns dias fora. Tem sido um período de amadurecimento para nós dois. De descobrirmos que conseguimos tocar a vida mesmo longe um do outro.

Nas primeiras vezes não foi fácil. Choramos enquanto falávamos no telefone, a culpa atormentou meu coração diversas vezes. Além disso, ainda ouço com frequência perguntas como “com quem ele vai ficar?”, “mas você tem coragem de deixar assim?”, “você não tem medo de alguma coisa acontecer”, “como você consegue fazer isso?” e tantas outras!

Ora, quando não estou por perto ele fica totalmente aos cuidados do pai, que apenas faz o papel de pai. Não alimento essa neura de que cuido melhor, que o pai não sabe cuidar ou que tenho que ficar passando instruções à distância. Eu apenas deixo! Deixo ele ser pai! Confio!

Sei que essa realidade não é a de muitas mulheres que, infelizmente, não têm o pai da criança por perto, ele não faz seu papel de pai, acha que o cuidado é responsabilidade da mãe ou pouco se importa para os filhos que tem. Ou que vivem num relacionamento abusivo, controlador, que impede e aprisiona a qualquer sinal de independência e sucesso.

Lamento profundamente! E aconselho que criem uma rede de apoio, de familiares e amigos. E voe! Não desista de nada que um dia desejou por causa da maternidade.

Estou numa fase de qualificação profissional que tem exigido muito trabalho e ausência (para viagens). Tudo que tenho feito está dentro de tudo que sonhei para mim, por isso sei que vale o sacrifício. Todo dia que passo longe do meu filho investindo em mim, na verdade, estou investindo em nós. Num futuro melhor para ele, na nossa felicidade. Isso é o que me mantém!

A distância é diminuída com os recursos que temos disponíveis. Nos falamos com frequência por chamada de vídeo. Mantemos a proximidade mesmo distantes. Explico para onde vou e o que vou fazer. Fazemos cartinhas um para o outro e dormimos juntinhos quando volto.

Ele sabe que volto! É tudo uma construção de confiança, de empatia, de entender que a mamãe é uma mulher que quer o mundo, que quer um mundo melhor para ele.

É verdade que vez em quando fico pensando se sou egoísta ou não consigo ignorar os comentários das pessoas, mas tento elaborar constantemente que egoísmo é querer que a minha vida seja do meu filho e a vida dele seja a minha. Temos um elo e um papel na vida um do outro, mas somos livres para sermos e sonharmos com o que quisermos e sei que a hora dele voar também vai chegar.

E estarei lá, para amar e apoiar, diante de qualquer caminho que ele desejar cruzar, porque assim ele tem feito por mim. 

Afinal, não é isso que fazemos por quem amamos?


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