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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Os Meus, Os Seus, Os Nossos Livros

Sabe aquele tipo de gente que lembra de coisas de quando tinha uns 4-5 anos? Prazer! Eu! Lembro de tantos acontecimentos de quando eu era bem novinha. Lembro com muitos detalhes inclusive. 

Uma das lembranças mais lindas que tenho é de que eu adorava estudar. Sempre fui muito estudiosa e devo uma parte disso a uma tia querida. Por quê? Eu estava no pré e faltava pouco para ler. Nunca fui do tipo de garotinha que esperava as ordens dos pais ou a presença deles para fazer os deveres de casa e estudar. Eu queria aprender a ler e ponto, mas eu não tinha muitos livros em casa. Lembro de uma estante na sala com livros "adultos" em suas prateleiras mais longínquas e eu com inúmeros planos de como pegá-los. 

Um dia uma tia passou a me dar muitos livros. Para mim e minha irmã (03 anos mais velha). Decidi que eu faria a leitura de todos. Eu ainda não sabia ler, mas foi por pouco tempo. Não lembro exatamente quando foi, só sei que era bem pequenina ainda. Um dia descobri que sabia ler. Aproximei dos meus familiares e contei sobre a conquista. Lembro de alguém dizer que eu era muito nova para saber ler e que, simplesmente, eu não sabia. A parte que segue eu lembro como se fosse hoje: corri para o quintal, onde tinha um banco de cimento, subi o mais alto que pude e nas minhas mãos estava um livro, em uma página cinza com um texto de umas 4 linhas sobre uma tal vaca Mumu. Ao fechar os olhos consigo lembrar da ilustração da página. Ali, comecei a ler em voz alta o textinho e logo todos descobriram que eu, realmente, sabia ler.

O tempo que seguiu depois dessa descoberta foi de leituras sem fim. Apaixonei pelas palavras, pelas histórias, pela leitura e pela escrita. Comecei a ler todos os livros que tinha em casa. Como eu era uma faminta por leitura, logo comecei a ler os livros da minha irmã mais velha e, quando eu já alcançava os livros das prateleiras mais altas, os livros dos meus pais. 

Como eu lia! Até hoje, na verdade. Sou do tipo de gente que lê tudo. Tudo mesmo! Embalagens, placas, bulas, instruções de uso, cartazes, frases nos muros... Todas as palavras que estão ao alcance dos meus olhos. É quase um vício de leitura. Isso foi tão importante para a minha vida. Todo o meu sucesso acadêmico e profissional eu devo ao mundo da leitura, que fez daquela garotinha uma pessoa mais crítica. 

Voltemos ao passado! Comecei a ler livros grandes desde muito pequena. Não que eu entendesse tudo que estava escrito entre as linhas, mas sempre fui apaixonada por dicionário também. Era meu livro de cabeceira (só até a 7ª série, quando apaixonei por uma gramática de Ernani Terra que guardo até hoje). Os primeiros livros de muitas páginas que li foram O Mágico de Oz, A Terra dos Meninos Pelados, A Madona das Sete Colinas (lia escondido porque era um daqueles que ficavam nas prateleiras altas da estante, lê-se: livro dos meus pais). Li Sonho de uma Noite de Verão (William Shakespeare) antes dos 10 anos e era perdidamente apaixonada pelos livros de Dostoiévski quando tinha 12-13 anos. Aos 14 já tinha lido Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa) e Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis). 

Fui uma adolescente apaixonada pelos livros e claro que tive meus cadernos de textos e poesias. Primeiro vestibular da minha vida: Letras! Fiz alguns períodos, mas decidi mudar de curso, não que eu amasse menos o universo das letras, mas porque descobri que é um hobby e não minha vocação.

Disso tudo eu só sei de uma coisa: sem toda essa relação com os livros eu jamais seria quem sou. 

Umas das primeiras preocupações da minha lista de "ser mãe" não seria outra a não ser incentivar a leitura na vida do meu filho. A vida inteira eu pensei nisso. Sabe o que fiz? Guardei muitos dos livros que ganhei da minha tia para dar aos meus filhos. Muitos livros da minha infância agora ocupam as prateleiras (alcançáveis) do quarto do meu filho.